As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”
Eduardo Galeano
Fonte indicada: Textos para mudar o Brasil
Jeniffer Castro, bancária que ganhou notoriedade após se recusar a trocar seu assento na janela…
A mais ousada e provocante das séries japonesas disponíveis na Netflix talvez ainda não tenha…
Muitas vezes, a sensação de estagnação, aquela percepção de que não estamos progredindo em nossas…
Com as temperaturas em alta, encontrar formas econômicas e eficientes de aliviar o calor é…
João Lucas Reis da Silva, pernambucano de 24 anos e atual número 401 do ranking…
"Está acontecendo algo", disse o prefeito de Washington Township sobre objetos que estão sendo vistos…