Desde o nosso nascimento aprendemos pela observação e repetição. Observamos nossos pais e mestres, repetidas vezes, até aprendermos. Aprendemos a andar, aprendemos a falar, aprendemos um punhado de coisas, vamos para a escola, somos testados, adquirimos conhecimentos e quase nada sabemos sobre como nossos pensamentos se organizam em nossa própria mente.

Aprendemos as normas sociais, aprendemos a concordar com coisas que não entendemos bem, firmamos compromissos particulares e mentais com outras pessoas e, muitas vezes, deixamos esquecidos os compromissos que deveríamos ter firmado conosco.

De acordo com o livro “Os quatro compromissos” de Don Miguel Ruiz, os antigos toltecas, povo que no passado habitava a atual região do México, acreditavam que nós podemos mudar nossa forma de pensar e melhorar nossa qualidade de vida nos comprometendo em honrar quatro compromissos básicos.

Esses quatro compromissos são simples, contudo exigem grande empenho para serem colocados em prática. Mas digo por mim que, apesar dessa quebra de padrões mentais ser trabalhosa, pensando na possibilidade de uma nova vida repleta de bem-estar, felicidade e amor, vale muito a pena tentar aplicá-la:

1 – Seja impecável com sua palavra

Resumidamente esse compromisso trata da ideia de não voltarmos nossas palavras contra nós mesmos (ex: sou feio, sou burro, sou indigno) ou contra os outros com depreciações ou fofocas, pois as palavras são poderosas e quando acreditadas ficam em nós.

2 – Não leve nada para o lado pessoal

Precisamos ter muito clara a ideia de que quando alguém fala de nós está no fundo falando dele mesmo. Freud já nos contou isso ao citar “Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”. Isso é muito real. Não devemos absorver os insultos dos outros como se fossem pessoais e, se o fizermos, é bom prestarmos atenção em nosso processo mental, pois nesse caso, em algum momento da vida, tomamos o que foi dito como verdade, mesmo sem o ser.

3 -Não tire conclusões precipitadas

Não devemos criar respostas em nossa cabeça para o que não está muito bem explicado. Sempre que possível, quando temos dúvidas, devemos perguntar abertamente. Sejamos claros, exijamos clareza, mas nunca devemos concluir pelos outros. Cada cabeça, uma sentença e nenhum de nós é adivinho para saber o que está acontecendo, exatamente, na vida do outro.

4 – Sempre dê o melhor de si

Esse compromisso me faz lembrar de uma palestra do filósofo Mário Sérgio Cortella na qual ele fala, dentre outras coisas, sobre a importância de fazer o nosso melhor com aquilo que temos. De acordo com Cortella, resumidamente, dando nosso melhor nos tornamos meio e não fim para um processo de melhoria que se estende para além de nós. Quando damos o nosso melhor, respeitando nossas capacidades, neutralizamos qualquer tipo de veneno emocional ou culpa por não termos feito o que poderíamos fazer.

É importante lembrarmos que todos temos padrões mentais e que quebrá-los não é algo compulsório, ou seja, quebrar padrões exige bastante determinação, mas é muito importante para o nosso bem-estar.

Afinal de contas, é da nossa mente que nasce o conceito que fazemos acerca de nossas capacidades e limitações. E é esse conceito que, comumente, determina, de forma inconsciente, até onde podemos chegar na vida.

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Vanelli Doratioto

Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.

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