Para que serve o sábado de quem trabalha a semana inteira? Quantas respostas possíveis…mas nenhuma me dá mais satisfação pessoal do que aquela que eu tenho me dado: sábado serve, entre outras coisas, para cuidar de mim. Fazer as unhas, cuidar do cabelo, planejar uma viajem e depois entregar-se ao prazer da leitura e um bom café. Um dia inteiro para amar-se sem distrações.
Reflito sobre algumas mulheres que se cuidam apenas para seus parceiros e, quando estes não estão por perto, parecem perder a energia da vida; o contato com si mesmas; a capacidade de reverter amor na sua própria direção.
Como se desconhecessem o fato que o olhar-se no espelho e decidir cuidar da pele, perder uns quilos, ousar num novo corte de cabelo para agradar a si e a mais ninguém são ingredientes da alquimia entorpecente de um amor que, quando fortalecido, nunca morre: o amor próprio. Parecem desconhecer que sem este, aquele não existe. Pelo menos não de forma sã.
Reflito sobre a delícia de amar os momentos de solidão sem sentir-se solitário. E ao invés de temê-los, buscá-los como momentos de comunhão com sua individualidade, seus anseios, seus sonhos mais infantis ou ousados.
Penso na beleza de estar em companhia pelo prazer de estar e não pela necessidade ou conveniência. Penso nisso e dou as boas vindas à maturidade emocional que tem enfiado o pé na porta da mulher que sou, não obstante meus ensaios de resistência, afinal, ser menina requer menos responsabilidade e sempre alguém “que cuide de você” de modo que você não precise fazer o trabalho duro…
Reflito e desprezo o medo de ser grande, acolhendo a vulnerabilidade de ser adulto e o fato de que nada é permanente. Reconheço, com o coração na boca, que a beleza da vida está exatamente aí: no seu movimento!
Aos poucos me despeço do desejo de “tranquilidade” permanente e descubro que braquicardia é para covardes. Vou encarar a taquicardia porque é disso que sou feita: movimento, ousadia e emoção.