JORNALISMO

Pai de boxeadora argelina se pronuncia: “Minha filha nasceu e foi criada como menina”

O pai da boxeadora argelina Imane Khelif se pronunciou sobre a recente polêmica envolvendo o gênero de sua filha durante os Jogos de Paris, reafirmando que Imane nasceu e foi criada como uma menina.

“Minha filha é uma menina. Nós a criamos como uma menina. É uma menina forte. Eu a eduquei para que trabalhasse e fosse corajosa”, afirmou em entrevista à AFP. “Ela tem uma força de vontade para o trabalho e para o treino. Sua paixão pelo esporte vem desde pequena. Ela era sempre a melhor em todos os outros esportes, no atletismo e no futebol”, concluiu.

As declarações do pai de Imane vêm em um momento delicado para a atleta, que virou o centro das atenções após a italiana Angela Carini desistir da luta contra ela apenas 46 segundos depois do início. O incidente levou a suspeitas sobre o gênero de Khelif, reavivando um debate após a boxeadora ter sido desclassificada no Mundial de Boxe de 2023 por não passar no “teste de gênero” da Associação Internacional de Boxe (IBA).

Apesar da controvérsia, Imane conquistou a medalha de bronze ao derrotar a húngara Anna Luca Hamori nas quartas de final da categoria até 66kg. Após a vitória, Khelif reafirmou sua identidade como mulher cisgênero: “Quero dizer ao mundo inteiro que sou mulher e continuarei mulher. Eu dedico esta medalha ao mundo e a todos os árabes, e digo a vocês, vida longa à Argélia.”

Imane Khelif ainda competirá por uma vaga na final na próxima terça-feira, 6, enfrentando a tailandesa Janjaem Suwwannapheng às 17h34 (horário de Brasília).

A Polêmica do Gênero

A questão de gênero de Khelif ganhou mais destaque após a IBA desclassificá-la no Mundial de Boxe de 2023 devido a um teste de gênero que a associação mantém como “confidencial”. Segundo a IBA, atletas como Khelif “têm vantagens comparadas com as outras competidoras”.

No entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) permitiu que Khelif competisse nos Jogos de Paris-2024. O porta-voz do COI, Mark Adams, explicou a inadequação de testes de testosterona para determinar gênero: “O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres”.

Adams também destacou que a IBA não é mais reconhecida pelo COI desde 2023, devido a falhas recorrentes relacionadas à integridade e transparência, além de acusações de manipulação de resultados e corrupção.

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