Curva.
Achatamento da curva.
Medo, incerteza, dúvida.
Desalento, cansaço, tristeza.
Vontade de sair, podendo ficar.
Desejo ardente de poder ficar, e ter de sair.
Dor, angústia, raiva, incredulidade.
Incompreensão, negação, falta de solução.
O ministro caiu, o ministro fugiu, o ministro estava de meias, o ministro divaga enquanto o vírus devora.
Polícia Federal, Governo Estadual, Loucura Federal.
É surreal.
Será loucura? Psicopatia? Sociopatia? Narcisismo perverso?
Será transtorno histriônico? Irônico…? Não! Ironia exige inteligência.
Então é burrice. É! Mas não é só isso… É a voz da turba amoral que fingia ser normal.
Não fala, vomita imbecilidades, atrocidades, inverdades.
Distribui o erário público pra salvar a família brasileira – a própria.
Reproduziu-se o monstro, tem quatro clones.
Cúmplices.
Família, quadrilha, milícia.
Quem matou Marielle? Quem matou Anderson?
O porteiro, o coveiro, o brasileiro.
Fica em casa, lave as mãos.
As mãos que governam estão sujas de sangue.
Não adianta lavar.
Passe álcool gel, use máscara.
As máscaras caem, revelam a hipocrisia.
A gente assiste.
Não é reality show! É de verdade!
Estamos confinados, desesperados, abandonados.
A luz vem de dentro.
Da solidariedade que nasceu da solidão.
Solidão imposta dói.
Tenho que fazer alguma coisa.
Qualquer coisa.
Impeachment.
Demora muito, desgasta.
Crise, desemprego, desalento.
A blogueira deu uma festa.
Foi cancelada; a blogueira; a festa, não.
Meu vizinho também deu uma festa.
Ninguém viu, ninguém sabe
Falta máscara, luva, leito, respirador.
Falta caixão, falta cova.
Sobram corpos empilhados.
Desumano, revoltante, assustador.
Lojas abertas, só meia porta.
Baladas clandestinas, pessoas assassinas.
No fundo do túnel deve ter uma luz.
Só não dá pra ver.
Porque o egoísmo cega.
Arranca o egoísmo desse corpo, dessa alma.
Esfrega com álcool, com sabão.
Aprende a estender a mão, parar de dizer não.
Respira, não pira.
Não toma mais uma dose.
Alongamento, meditação, compulsão.
Vai passar… vai passar… vai passar…
Mantra inútil, vulgar.
Tampo os ouvidos, não quero mais escutar.
Faço silêncio.
Escuto meus ruídos.
São tantos.
Não posso salvar o mundo.
Mas posso salvar o próximo da loucura, de passar fome, de ficar sem remédio.
Eu sou luz porque assim determino.
Ninguém há de me transformar em escuridão.
O ódio que sinto é genuíno.
Ele não aceita, ele rejeita a opressão.
Abro os olhos.
Outro dia, mais um dia.
O meteoro não veio.
Seguiu seu curso.
Indiferente.
Gripezinha, resfriadinho, cinco mil mortos
E daí???
Estamos isolados, cansados, revoltados.
O futuro é incerto, assustador.
Dor.
A dor nos iguala.
Talvez seja este o propósito.
Tirarmos as armaduras individuais.
Construirmos tendas amorosas.
Transformarmos espinhos em rosas.
E finalmente alcançarmos a paz.
Ana Macarini
***
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