Por Ana Luíza Santana
Costumo sempre pensar na vida e em tudo que acontece durante nossa -breve- passagem por esse plano. É uma mania. Uma terapia. Uma loucura. Mas, sem dúvida, é a forma que encontro para refletir, tentar achar respostas, encontrar novas perguntas e buscar evoluir, tanto emocionalmente quanto espiritualmente. Tudo, absolutamente tudo que acontece em nossa vida traz uma grande carga de lições e não podemos tapar os olhos para esse fato.
Desde nova me dei conta disso, pois fui ensinada cedo, pelos acontecimentos em minha trajetória, a fazer isso. A entender que é preciso ter um olhar mais profundo sobre tudo que passamos e vivemos, e a estender esse olhar a vida do próximo. Não, não com curiosidade ou intuito de fazer fofoca, jamais. Mas com empatia e para saber que nossa evolução também se encontra no outro.
A perda de uma amiga próxima me fez, mais uma vez, refletir sobre tudo. Uma morte, literalmente, inesperada. Pegou a todos de surpresa. Despedidas são sempre tristes. Acho que por mais evoluído que o ser humano seja, a dor da partida de uma pessoa amada sempre irá doer. Sempre ficaremos com uma sensação de impotência. Mãos atadas. Coração sangrando. É difícil acreditar que uma alma boa, de aura leve, coração transbordante de amor e energia boa nos foi tirada, assim, de uma hora para outra. Mas é assim, de repente mesmo que acontece. Sem aviso prévio. Sem dar tempo para algum preparo. Acontece de um jeito que foge do nosso entendimento. E é aí que a gente precisa se propôr a refletir. Estamos doando quais tipos de sentimentos? Estamos transmitindo quais tipos de coisas? Estamos perdendo/ganhando tempo com o que? É preciso parar e pensar.
Deixamos de falar o que sentimos as pessoas que amamos porque nos disseram que é sinal de fraqueza. Porque bonito é ser “casca grossa” e correr atrás é coisa de gente idiota. Demonstrar por atitudes é pior. É pedir para ser “trouxa”. Perdemos tempo com orgulho, medo, falta de tempo ou por acharmos que o temos demais. Deixamos para amanhã. E quando chega o amanhã a gente adia de novo. Guardamos mágoas. Sentimentos que em NADA, eu digo NADA de bom, nos acrescentam. Deixamos de perdoar porque achamos que isso é querer tapar o sol com a peneira, afinal é impossível esquecer o que o outro fez, quando na verdade, perdoar é soltar o pescoço do outro e ver que quem consegue ficar aliviado e respirando melhor somos nós mesmos. Evitamos pedir desculpas e/ou perdão porque nos disseram que é humilhante. Alimentamos ressentimentos. Tem gente se achando melhor do que os outros. Gente puxando o tapete do “amigo” na primeira oportunidade e sem pensar duas vezes. Gente que sofre ao ver o outro feliz.
Mágoa, inveja, rancor, orgulho, prepotência, arrogância, julgamentos… e assim acumulam-se toneladas de lixo emocional. Mas por quê? Não consigo encontrar uma lógica coerente que explique por que perdemos tempo com tanta coisa que só devastam e regressam nossa alma. Procuro a cada dia aprender e tenho a consciência tranquila que não me limito aos meus textos. Sou melhor escrevendo e todos que me conhecem sabe disso. Quando falo, sou desastrada, desajeitada, mas ainda assim procuro através dos gestos e atitudes demonstrar aos que amo o amor que trago comigo. Com os conhecidos e desconhecidos busco ter pudor com o que digo e faço. Erro. E como eu erro. Sei que tenho muito que aprender e mudar. Mas estou em paz porque estou de braços e coração aberto para isso. Para a vida. E que todos estejamos.
Que a gente não se limite a frases lindas e reflexivas de redes sociais. São importantes, claro. Os textos e as palavras em si possuem um poder enorme sobre nós e por isso sou tão apaixonada pela escrita e encontro nela a chave para abrir a janela de minha alma e coração. Mas precisamos levar tudo conosco. Precisamos que nossas atitudes sejam condizentes com nossos dizeres. Que a gente sorria de verdade e com verdade, que nossos abraços sejam apertados, que nosso orgulho seja deixado de lado, que o amor seja a maior arma que a gente carregue.
Que a gente valorize os que nos amam e deixemos de lado os que não se agradam com nossa presença. E que, dia após dia, a gente aprenda. Evolua. Nossa passagem é breve, mas os sentimentos que plantamos, as almas que tocamos, os corações que entramos, as pessoas que convivemos e vivemos não são. Uma hora eu vou, você vai, nós vamos. Mas o que fizemos e passamos aos outros a gente deixa aqui. Propõe-se a pensar também no que você deixará quando for. ♡
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