Há algumas semanas eu vivenciei o que muitos poderiam chamar de encontro de almas quando, ao olhar para o portão da minha casa, uma cachorrinha estava de pé na grade e olhando para dentro da minha casa. Nos dias anteriores eu e minha mãe já a havíamos visto andando de maneira errante pelo bairro. Ela esta certamente em situação de rua e, seja por abandono ou mesmo por alguém tê-la perdido, a verdade foi que, mesmo anunciando em sites e páginas de busca, nenhum responsável foi encontrado. As únicas informações que tivemos é que ela já estava na rua há bastante tempo, talvez há meses.
….Mas ela olhou para mim com seus cílios longos e olhos doces e eu soube que ela passaria a fazer parte da minha família.
Algumas horas depois, entretanto, ela se esgueirou pela fresta do portão e, mesmo saindo para procurá-la, eu não a encontrei.
A fuga, presumo, era o comportamento possível para um bichinho que sabia que não podia ficar muito tempo em lugar nenhum.
No dia seguinte, determinada, eu sai novamente para procurá-la, e com a ajuda de alguns meninos que estavam em uma pracinha próxima, ela foi encontrada. Ela estava deitada triste e repousava escondida sob um carro.
Ela olhou para mim e seus olhos voltaram a brilhar. Era como se ela finalmente tivesse entendido que eu não tinha cruzado o seu caminho por acaso. Numa fração de segundo tudo se tornou energia que irradiava amor e compreensão mútua. Quem já adotou um bichinho deve saber o que isso significa.
Carpinejar disse que o cachorro escuta tudo, até a nossa lágrima antes de cair.
A ciência comprovou que, para os cães, nós somos como seus pais e que a morte de um animal de estimação é como a perda de um familiar.
Aqui em casa, o nome escolhido para ela foi “Felicidade”.
Naquele dia, carreguei a “Felicidade” em meus braços e a levei de volta para casa. Na nossa nova rotina ela não cansa de me lembrar que, para ela, eu sou a pessoa mais linda do mundo. Mas, mais bonito ainda é saber que o que sinto por ela exatamente a mesma coisa <3