Quem já passou pela experiência do fim de um amor e já recorreu a relacionamentos sem envolvimento emocional, quem sabe possa me responder. Para que serve um Band-Aid quando a gente sente dor em toda parte?
E tudo bem que em algumas circunstâncias, tudo que a gente quer – ou precisa – é mesmo só de alguma coisa que nos faça parar de arder, pensar, que faça o relógio se tocar que anda segurando o ponteiro nas horas tristes, que nos “tire do ar” por alguns instantes, minutos, horas. E, nesses casos, ok que seja tudo apenas um encontro sem possibilidade de virar desencontro. Um encontro sem pretensão de curar. Uma distração. Só um anestésico mesmo, um Band-Aid.
A grande questão é que – puxa vida – como é que a gente faz para desaprender a achar bonito aquele momento depois do turbilhão de prazer, em que tudo é silêncio e paz? Como é que a gente faz para não achar estranho ter partilhado algo tão íntimo, com quem não se tem nenhuma intimidade?
Pois eu insisto em subverter a lógica do imediato. Eu vou teimar mais um bocadinho nesse estranho hábito de crer na boniteza dos encontros que só sobrevivem nos lugares mais profundos.
Deixo a superfície para aqueles que se satisfazem com a madorna do corpo que apenas flutua. Depois de um amor, eu quero outro amor. Depois de ter amado, eu quero amar de novo.
É lá no fundo que eu me encontro e fico pronta para lançar-me à descoberta de uma nova senha para o acesso de um outro lugar desconhecido. E, muitas vezes, para que se possa semear uma nova história é preciso cortar as raízes de uma história antiga, de um amor que adoeceu.
Cortes profundos e definitivos, às vezes, são a única maneira de alcançar a cura. O fato é que cortes profundos não são em nada parecidos com os arranhões. Eles não ardem. Eles expõem o que há por dentro, o que foi revirado e ressignificado depois do fim.
Então, se alguém puder ou souber, por favor me explique… para que serve um Band-Aid quando a dor não é superficial e quando o apetite desperto não pode ser saciado com algo que anestesie?
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