Por Josie Conti
Se Manoel de Barros descreve a essência, a pureza e as próprias insignificâncias da vida, nas obras abaixo, o artista plástico lituano Laimonas Smergelis as pinta.
A CONTI outra os convida para um passeio pela estética sublime das temáticas mais singelas.
Façam um bom passeio.
“E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bem-te-vi.”
Manoel de Barros
“Não tenho pensa.
Tenho só árvores ventos
passarinhos – issos.”
Manoel de Barros
“A ciência pode classificar e nomear todos os órgãos de um sabiá
mas não pode medir seus encantos.”
Manoel de Barros
“Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro –
contraiu visão fontana.”
Manoel de Barros
“Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.”
Manoel de Barros
“Retiro semelhanças de árvores comigo.
Não tenho habilidade pra clarezas.
Preciso de obter sabedoria vegetal.”
Manoel de Barros
“Uma espécie de gosto por tais miudezas me paralisa.”
Manoel de Barros
“Pra mim, poderoso é aquele que descobre as insignificâncias [do mundo e as nossas].”
Manoel de Barros
“A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.
Posso dar alegria ao esgoto ( palavra aceita tudo).”
Manoel de Barros
“Só as coisas rasteiras me celestam.
Eu tenho cacoete pra vadio.
As violetas me imensam.”
Manoel de Barros
“Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se
inclui a sedução.
É quando a pássara está namorada que ela gorjeia.”
Manoel de Barros
“Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.”
Manoel de Barros
Dica da Conti outra: Saiba mais sobre a obra do poeta e conheça os projetos sociais da Fundação Manoel de Barros.