Há mais de uma semana tenho visto dezenas de mensagens que homenageiam as mães. Algumas são sinceras, mas a maioria infelizmente é comercial.
Abaixo está uma poesia que Carlos Drummond de Andrade fez para as mães e que destaca-se das maioria das coisas que li porque fala com a alma. Afinal, é Drummond!
Espero que ela toque o coração de mais pessoas….
Na imagem em destaque está a fotografia de Antanas Sutkus de 1966 e que retrata as mãos de uma mãe.
Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
– mistério profundo –
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade