Temos essa ideia antiga de que para dizer “eu te amo” é necessária uma explicação cheia de sentimentalismos e gestos fartos, como se amar fosse obrigatório de provas. Essa ebulição emocional, algumas vezes, brota nos pequenos instantes. E não há absolutamente nada de errado nisso.
Benditos sejam os indivíduos que transbordam esses dizeres. Não se acomodam ou possuem medo de expressar os versos que surgem na garganta. É claro que a cautela existe. Ninguém precisa sair por aí declamando sem direção os pormenores da paixão pelo outro, mas é inegável o poder da paz de, consigo, nutrir a liberdade da escolha em dizê-lo. Um “eu te amo” não é para ser medido numa régua com início, meio e fim. Reconhecer o amor numa espécie de contrato a ser seguido por ambas as partes só faz bem aos corações cansados.
O tempo é mero detalhe quando se quer falar do nó de dois. Esperar o quê? Amanhã pode ser tarde. Depois de amanhã pode ser nunca. Entre todas as coisas cabíveis a serem ditas e escritas, o “eu te amo” não está banalizado. Pois não existe um porquê para o sentimento de carinho, cumplicidade e querer bem.
Não vamos dar adeus para essas três palavras. Elas merecem mais. Nós merecemos mais. Sem emboras, todavias e portantos. Eu te amo assim mesmo, com a cara estampada de sorrisos.
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