Por Guilherme Antunes

Parabéns àqueles que reconheceram seus fracassos e souberam o tempo de desistir. Parabéns àqueles que entenderam suas impossibilidades e os seus próprios limites. Parabéns àqueles que reconheceram seus defeitos sem estender seus efeitos a mais ninguém. Uma salva de palmas para aquele que dispensou o outro do compromisso de continuar sofrendo a dois; quando descobriu que ao se libertar, libertava o outro também.

Parabéns àqueles que lidaram com os saltos no abismo “apesar de”, e que souberam o tamanho das próprias pernas. Parabéns àquele que não se corrompeu diante das suas carências, não se permitindo coisas que em outra época jamais se permitiria. Parabéns àqueles que enfrentaram com coragem seus medos, dispensando apegos e quaisquer outras muletas de que poderiam se servir para continuar caminhando. Um brinde àqueles que não empalharam o amor para garantir sua presença e seu uso de qualquer jeito nos amanhãs. Um brinde àqueles que aprenderam o tempo certo de se despedir; que com gratidão ou dignidade e sem nenhuma dose de veneno aprenderam a sair de cena, aproveitando a hora certa para evitar sufocamentos. O meu respeito àquele que, mesmo sem saber de nada, apóia-se nas suas próprias verdades. A minha admiração àqueles que encararam seus vazios sem preenchê-los com qualquer coisa; que não se contentaram com o discurso de que “é o que tem pra hoje”, de que “a vida é assim” e portanto, “contente-se, resigne-se, acomode-se”.

Parabéns àqueles que mesmo sem saber pra onde seguir, seguem, porque sabem que a alma empoeira e envelhece se parar por entre os dias. Parabéns àqueles que descobriram que a tristeza pode ser uma importante lição, mas uma aula desnecessária. Parabéns àquele que não ficou apenas esperando a cura do mal; que é fiel consigo mesmo perante sua própria consciência, que não deixou seus monstros se reproduzindo no abafado escuro da sua inconsciência.

Parabéns a todos aqueles que souberam se reinventar.
Guilherme Antunes é amante das palavras, da filosofia e dos temas da Alma. Sinestésico e musical, buscador, contraditório, intenso, vasto. Sommelier de groselha, servidor público, poeta e farsante. Ele é aquilo que ninguém vê.

Para mais informações sobre o autor e seus trabalhos:
http://arkhipelago.blogspot.com.br/

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