No último fim de semana, a cantora Joelma fez um desabafo contra as complicações de saúde que vem enfrentando depois de ter contraído Covid-19 cinco vezes.
“Eu tive três derrames oculares. E algumas paradas cardíacas, mas isso ninguém sabe. Eu passei por isso sozinha. Mas Ele [Deus] é a minha força. Nele eu posso todas as coisas”, revelou a ex-vocaliusta da banda Calypso durante um show em São Paulo.
Consultado pelo R7, o cardiologista Hélio Castello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explicou que os derrames oculares e as paradas cardíacas sofridos por Joelma podem ter uma relação direta com a fase aguda da Covid-19 ou com eventuais sequelas da infecção. No caso das paradas cardíacas, ele explica que há duas hipóteses mais comuns: miocardite e infarto provocado por coágulo.
“Existem alguns pacientes que tiveram, na época da Covid, uma miocardite — uma inflamação que atinge o músculo cardíaco e que pode acontecer com qualquer vírus. Com o coronavírus, alguns pacientes tiveram isso cronicamente. Existe essa inflamação aguda, o coração diminui sua capacidade de contração, e uma porcentagem grande se recupera, mas há um número de pacientes que têm insuficiência cardíaca”, disse o especialista.
O médico destaca que “a miocardite aumenta o risco de ter uma parada cardíaca”, visto que o músculo inflamado faz com que o órgão se contraia menos, além de haver uma dilatação.
Há ainda possibilidade de que as paradas cardíacas tenham ocorrido devido à própria característica da Covid-19 de causar trombose em alguns pacientes. Um coágulo na artéria que irriga o coração levaria a um infarto, “que pode ter como complicação uma parada cardíaca”, complementa o cardiologista.
Sobre os derrames oculares, Castello explica que eles raramente são graves.
“Existem várias causas para derrame ocular, desde um momento de estresse, aumento da pressão arterial ou qualquer coisa do tipo, até um quadro de trombose. Pode ser também por algum medicamento que deixa o sangue mais fino para evitar trombose, e eles aumentam a chance de hemorragia”, detalha.
Em junho deste ano, Joelma foi internada em São Paulo, também por sequelas da Covid-19. O boletim médico da cantora falava em “um quadro de esofagite, gastrite e edema, complicações possivelmente decorrentes da infecção pelo coronavírus”.
Em abril do ano passado, a cantora de 48 anos concedeu uma entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV, em que revelou que teve o mesmo problema. “Eu fiquei completamente deformada, fiquei maior que uma grávida de nove meses”, lamentou na época.
Entre 10% e 20% dos infectados pelo coronavírus sofrem com sequelas. Hélio Castello ressalta que esse problema pode ser mais grave em pessoas não vacinadas.
Geralmente, as sequelas são associadas ao pulmão, como tosse crônica, falta de ar ao fazer esforços físicos e broncoespasmo — que provoca algo semelhante à bronquite ou à asma, com obstrução do fluxo de ar.
Também são relatadas outras disfunções, como dores de cabeça frequentes e até problemas cognitivos, como esquecimento e distração.
Segundo o cardiologista, uma maneira de reduzir o risco de sofrer com esse tipo de problema é manter a vacinação em dia.
“Os indivíduos que estão com a sua vacina em dia, esses pacientes têm se mostrado agora com infecções de modo geral mais amenas, mais semelhantes àquelas gripes que a gente pega, mas não tanto com esse quadro inflamatório e trombótico tão intenso”, conclui.
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Redação Conti Outra, com informações do R7.
Fotos: Reprodução.
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