Num mundo onde todo mundo anseia por respostas, os rótulos e carimbos são praticamente impossíveis de dispensar. Nós nomeamos e somos nomeados o tempo inteiro. Para explicar uma decepção, geralmente fazemos uma longa lista de características de quem nos decepcionou. E isso explica tudo… Na verdade não explica coisa alguma, mas, de certa forma nos dá suporte para aceitarmos e explicarmos ao mundo que pede respostas incessantemente.
Certa vez assisti a uma discussão boba, mas que me vem à cabeça até hoje, pois foram usadas três denominações numa mesma conversa e, naquela hora, enquanto a coisa esquentava, eu pensava: Adoraria saber que proporção dessas características torna uma pessoa mais interessante. O motivo, como eu disse, era tolo, e, em algum momento alguém disse: – Você é muito passional, estamos falando de negócios, você precisa ter auto controle! No que outro alguém respondeu, já em lágrimas: – E você é tão racional que não consegue enxergar o quanto eu sou emocional, o quanto me magoa e me faz sofrer! E por aí foi, até que os ânimos se aquietaram e passional, racional e emocional se calaram e, ao final, se entenderam e desculparam.
Quem de nós afinal, carrega somente uma dessas características? Quais delas estão escondidas, guardadas, esperando o momento (in)certo para vir à tona?
De fato, somos uma mistura esquisita, inconstante e instigante disso tudo.
Há épocas da vida em que simplesmente estamos mais para um dos lados, por vontade, necessidade ou apenas por questões de sobrevivência. Logo em seguida podemos mudar, agregar outro, apresentar o terceiro, ou tantos mais. O que realmente importa é o nosso esforço para mantermos a proporção que nos parece mais interessante, que nos deixa mais despertos para a vida, mais confortáveis para lidar com os traços passionais, racionais e emocionais alheios. E eu arriscaria dizer que essa mistura, dos nossos com os alheios, é que torna tudo mais encantador! Só precisamos aprender a dar tempo e espaço para as diferenças.
Imagem de capa: Master1305/shutterstock
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