Um frase tão repetida quanto verdadeira: O mundo dá voltas. Sim, voltas doces, voltas enroladas em papel de presente, voltas confusas, voltas envoltas em dores e saudades, vais e voltas, uma trama contínua com irrestrita cumplicidade do tempo.
E lá vamos nós, nos equilibrando e trilhando os caminhos sugeridos pelas voltas que o mundo dá, por vezes desejando que fossem suaves como a rotação da terra, outras, emocionantes e desafiantes, de acordo com nossa necessidade momentânea de adrenalina.
A verdade é que não temos nenhum controle sobre essas voltas, e nos resta o desafio de minimizar os tombos inesperados, os solavancos causados por nossa falta de reflexo.
E falando em reflexo, assim é a vida, um reflexo desse emaranhado de curvas e ladeiras. Um caminho cujas surpresas vão brotando do inesperado, uma combinação esquisita de eventos conquistados, outros frustrados, e tantos inesperados. Um caminho nada reto transpassado por mil outros caminhos.
As voltas que o mundo dá por vezes nos deixam tontos e desorientados, mas o caminho exige movimento, nos ordena avanço e descobertas. Para seguir em frente, é preciso andar a passos firmes, passos que segurem os pés no chão e ao mesmo tempo impulsionem a ida adiante. Não precisam ser barulhentos nem rudes, mas firmes, muito firmes. Passos de quem sabe que precisa ir, mesmo sem certeza de onde irá chegar. Se forem vacilantes, todo o corpo estremecerá, o caminho mostrará seus perigos com lente de aumento, tanto que as belezas não serão apreciadas. E sem equilíbrio, sem sustentação e coragem, ao primeiro estremecimento virão as quedas, rolagens ladeira abaixo, ferimentos e mágoas.
E se a roda da vida não para, se as voltas virão apesar de todo e qualquer protesto, que os passos firmes e decididos possam dar ritmo à caminhada, que bons e reais afetos sejam escoras para as possíveis quedas, e que as voltas nos permitam, mesmo que de relance, ver mais profundamente o desenho do caminho que ainda há pela frente.
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