Por Josie Conti
O que uma “tirinha” precisa ter para prender a sua atenção? Cores? Beleza? Eu diria que é muito mais do que isso, pois, para que nossa atenção seja mantida em algo que vemos é necessário que aquilo nos diga alguma coisa, nos remeta a memórias ou nos leve a algum questionamento maior.
O cartunista Paulo Stocker, através de seus desenhos e personagens, consegue uma façanha maior, pois nos remete a reflexão e a ideia de movimento sem que sejam necessárias figuras complexas ou legendas. Os desenhos, na maioria das vezes, são monocromáticos e possuem linhas simples, A singularidade do trabalho, entretanto, está na interação que o desenho promove entre imagem-leitor e entre imagem estática e imaginação.
Observando as criações do artista, percebe-se que as obras como as “gambiarras” e personagens como o “Clóvis” que seus traços são releituras do passado, do mundo dos desenhos animados e dos clowns. Nas tirinhas e telas, as obras ganham vida própria- principal marca do artista-, têm movimento e adentram nosso mundo sendo convidados ou não. Há um claro questionando do que é rotineiro e um toque poético é fornecido como contraponto à dura realidade das metrópoles.
Também não é por acaso que públicos de todas as idades tenham interesse por suas obras, pois para gostar delas, basta que se tenha abertura natural para o novo e criativo, basta perceber a sutileza e inteligência do trabalho que vai além de qualquer estratégia comercial apelativa.
É uma honra ter as tirinhas do Paulo Stocker diariamente enriquecendo a contioutra. Esse tipo de trabalho, com conteúdo real, é o que faz um artista ganhar destaque atemporal e reconhecimento público de grandes cartunistas como do inglês Karl Dixon que define o personagem Clóvis:
“Seus personagens são sempre apresentados em silhueta e as piadas são pantomímicas, isto é: ele não usa palavras – uma ferramenta muito difícil quando se está vendendo piadas pelo mundo inteiro. (…) Paulo tem o seu personagem, Clovis, na verdade usando os painéis como uma base (…) Clovis pode estar colidindo com uma moldura ou movendo o painel sobre ele mesmo ao contrário ou mesmo apenas estar pulando uma moldura e olhando para trás, se perguntando o que ele pode ter acabado de perder. Este tipo de ideia é chamado de “dispositivo”. Efetivamente é algo a que você recorre de tempos em tempos e que os seus leitores associam com o seu trabalho. Exemplos disto são o Snoopy sentado em sua casinha, Calvin em seu disfarce de astronauta Spiff, Andy Capp dormindo no sofá etc. Mas o que é tão inteligente sobre o dispositivo de Paulo é que ele o tornou dele. Ninguém pode usar este dispositivo sem que isso fique parecendo uma afronta direta. É uma ideia tão simples, mas que eu, e eu suspeito que muitos dos meus contemporâneos também, queríamos ter pensado antes.”
Gambiarras
Mural Rua Augusta, altura do número 900- São Paulo, Brasil
Detalhes: Círculos de ferro que adornam o edifício.
Livro: Clovis
Encomendas por mensagem em https://www.facebook.com/pages/Dulcineia-Catadora/374496155931841
Desenho original- disponível sob encomenda
“Exposição Clovis e a arte de comunicar sem palavras”
Parque da Água Branca, Perdizes, São Paulo- fev 2013
Para mais informações sobre o artista e produtos:
https://www.facebook.com/pages/Paulo-Stocker/329013347174015?fref=ts