Por Valéria Amado
Pense o triplo, faça o dobro e fale a metade. O mundo já está muito cheio de mentes pequenas que só falam dos outros sem pensar, cheio também de pessoas que falam muito e fazem pouco. Sendo assim, caminhemos contra a corrente sendo mais sábios, cautelosos e livres de mentes quadradas.
Mas se há algo realmente complicado, é sermos mais flexíveis nos nossos métodos de pensamento. De fato, um dos aspectos mais interessantes que as correntes cognitivo-comportamentais nos explicam é que os nossos problemas não surgem propriamente por causa de situações complicadas. O tipo de pensamento que utilizamos e a forma como interpretamos a nossa realidade podem ser inquestionavelmente nossos aliados, ou então os nossos piores inimigos.
“Sejamos fortes, mas não inflexíveis. Sejamos meigos, mas não fracos. Aja com humildade, mas sem ser indigno.”
-Alejandro Jodorowsky-
Todos os dias tomamos várias decisões e nos arrependemos de muitas delas. No mesmo instante nos perguntamos por que fizemos aquilo, por que não pensamos um pouco mais. A mesma coisa acontece com muitas das nossas verbalizações. Às vezes falamos sem pensar e permitimos que seja a raiva, o medo e o desrespeito a colocar voz nas nossas emoções.
São aspectos que todos nós já vivemos e que nos fazem perguntar a nós mesmos por que isso ocorre. Por que somos tão “falíveis” quando mais precisamos. Longe de ficarmos obcecados pelo “autocontrole“, devemos construir uma nova perspectiva onde reine a calma, a inteligência emocional, a razão e a responsabilidade emocional.
“Pense o triplo, faça o dobro e fale a metade”. Isso quer dizer que devemos meditar ao máximo cada uma das nossas decisões e falar o mínimo? Na verdade, não se trata de passarmos a vida racionalizando cada ato, cada emoção ou desejo em silêncio absoluto. Em vez disso, se trata de propiciar uma sequência de ação extremamente simples:
Aprenda a escutar a si mesmo —> Aja em sintonia com seus pensamentos e emoções —> Fale o que for justo e o que estiver em consonância com as suas essências.
Por outro lado, algo que todos sabemos é que há quem se deixa levar pelos pensamentos automáticos na hora de agir. Suas decisões estão condicionadas muitas vezes por abordagens distorcidas e emoções enviesadas. Estas atitudes limitantes lhes fazem perder uma infinidade de oportunidades. É, então, quando aparece a frustração e o sofrimento.
Não nos damos conta, mas de certa forma todos nós nos deixamos levar com frequência pelos mesmos mecanismos acima mencionados. Eles têm sua raiz em um inconsciente cheio de preconceitos. “Melhor evitar essa pessoa porque ele/a se parece com meu ex-namorado/a”, “é melhor dizer não a este projeto porque se antes deu errado, agora vai ser ainda pior”. Elaboramos juízos de valor de forma arbitrária sem passar nenhum filtro prévio. Sem tomar consciência. Isso não é correto.
Cada coisa que acontece na nossa vida diária pode ser interpretada a partir de vários pontos de vista. É necessário que encontremos aquela que mais se ajuste a nós de uma forma saudável, de forma construtiva, sem nenhum viés. Sem nos limitarmos, sem fecharmos portas e sem chegarmos a nos transformar nos nossos próprios inimigos.
Pense bem, decida melhor
Respire, pense, sinta, decida, aja. É uma sequência simples que deveríamos colocar em prática todos os dias. No entanto, o problema essencial é que “nunca temos tempo para nós mesmos”. A vida e as nossas obrigações nos arrastam em seu trem de alta velocidade, permitindo que seja o piloto automático a decidir.
Não é lógico, porque se não temos tempo de pensar para falar melhor… o que nos tornamos? Precisamos ter estratégias adequadas para que isso mude. Explicamos como a seguir.
Certamente você conhece mais de uma pessoa que fala sem pensar. São personalidades que agem sem levar em conta as consequências dos seus atos. Agir sem ferir e pensar para decidir melhor é uma estratégia de responsabilidade e de respeito, para nós mesmos e para os outros.
Lembre-se de que não existem decisões melhores ou piores. Trata-se apenas de agir de acordo com os nossos valores, as nossas raízes. Algo que só iremos conseguir se soubermos escutar a nós mesmos, amar-nos e respeitar-nos um pouco mais.
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