Passei a minha vida toda com medo do olhar do outro, medo do que iriam pensar, do que iriam falar, do que poderia correr pelas bocas fofoqueiras sobre mim. Por conta disso, engoli muitas vontades e desejos, para que agradasse à maioria, para que deixasse tranquilas as línguas ferinas de quem nem merecia um minuto de meu pensamento. Isso me levava a sufocar grande parte de mim aqui dentro. E faz muito mal engolir sonhos.
A maturidade, porém, trouxe-me mais calma e compreensão, fazendo-me entender que a aceitação dos outros requer, antes de tudo, que eu me aceite como eu sou. Qualquer traço de insegurança ou de vulnerabilidade de minha parte se tornará o alvo perfeito para que distorçam, menosprezem e condenem os meus atos, mesmo os mais inofensivos, mesmo quando nada do que eu esteja fazendo tenha alguma coisa a ver com a vida do outro. Gente ruim fareja o medo e a insegurança de suas vítimas.
No meu caso, trata-se de um processo lento e doloroso, porque desafogar o que a gente sufocou por tanto tempo traz de volta lembranças dos medos tolos que nos levaram ao fechamento em nós mesmos. Esse enfrentamento vem sendo gradual, mas libertador, porque a expansão dos sonhos agigantam a nossa essência, tornando-nos melhores e mais felizes. E felicidade alimenta qualquer esperança, que é o que nos move, afinal.
Somente depois dos quarenta anos de idade, consegui expor publicamente meus escritos, via internet, e qual não foi minha surpresa ao constatar que encontraria leitores que gostam de minhas palavras, leitores que se sentem bem ao ler meus textos, pessoas a quem ajudo de alguma forma, quando leem meus artigos. O retorno é tão positivo, que percebo o quanto eu era tolo guardando meus pensamentos dentro de mim, sendo que podem ajudar muita gente.
Após a morte da minha gata querida, fiquei deveras triste. Mas sempre aparecem os anjos na vida da gente e um deles me aconselhou a fazer algo que nunca fizera antes para ajudar a combater a tristeza. Comecei a gravar uns vídeos e não é que me estão fazendo um bem danado? Ousar requer reunião de força, disposição e, por isso mesmo, acaba aliviando o peso de tudo. Ultrapassar limites expande nossa essência e ela então começa a abrir espaço para o afeto e a esperança, enquanto vai tirando dali aquela tristeza que teimava em ficar.
Portanto, perca o medo do julgamento alheio, isso faz a gente ficar bem mais leve. Quando a gente faz o que tem vontade, sem ferir ninguém e de maneira ética, não tem como dar errado. E você vai ser julgado de qualquer jeito: se chorar ou se ficar forte; se disser não ou se falar amém pra tudo; se sair de camisa ou de camiseta. Vão te julgar de qualquer jeito. Faça o que tiver vontade, o que fizer o seu coração vibrar, sem pisar ninguém nesse percurso, e seja mais feliz.
Li que o medo rouba os nossos sonhos e é assim mesmo. E lembre-se: quem te ama de verdade jamais te julgará por estar vivendo o que você é, pois foi pelas suas verdades que as pessoas começaram a te amar. E é pelas suas verdades que elas te amarão para sempre.
Imagem de capa: ESB Professional/shutterstock
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