Marcel Camargo

Perdoe a ignorância alheia e limpe o seu coração

Imagem de capa: alexkich/shutterstock

Ninguém consegue respirar carregando no colo gente folgada. Ninguém consegue receber o novo, enquanto mantém tralha emocional dentro de si. Ninguém há de voltar a sorrir com verdade, sem entender e perdoar a ignorância alheia. Perdoar a si mesmo.

Embora seja um lugar comum, a necessidade de fazermos faxinas emocionais diárias será sempre algo imprescindível nessa nossa caminhada de alegria, mas também de muita dor. Enquanto houver alguma pendência mal resolvida aqui dentro, incomodando, mesmo que bem no fundo, não conseguiremos seguir com leveza, tampouco abraçar tudo o que nos espera ali à frente.

E esse caminho de leveza e clareza depende de nossa conscientização de que não poderemos carregar conosco o que não nos pertence, quem não soma, bem como rancores paralisantes. Prosseguir requer deixar para trás, requer limpar os espaços para o novo poder entrar, requer perdoar e perdoar-se. É preciso entender que muitas coisas e várias pessoas terão que permanecer no passado, pois nem tudo poderemos levar conosco.

Vai doer, vai machucar, vai ter lágrimas, sim, mas tomar as resoluções certas para o fortalecimento de nossos sonhos, livrando-nos de bagagens inúteis, tornará tudo melhor com o passar do tempo. Ninguém consegue respirar carregando no colo gente folgada. Ninguém consegue receber o novo, enquanto mantém tralha emocional dentro de si. Ninguém há de voltar a sorrir com verdade, sem entender e perdoar a ignorância alheia. Perdoar a si mesmo.

É difícil ter que aceitar as derrotas que teremos pela frente, no trabalho, no amor, na vida, mas teremos que nos reequilibrar e procurar outros caminhos, incansavelmente, sem desistirmos de ser feliz – isso, sim, seria imperdoável. Da mesma forma, em muitos momentos, desistir de coisas, de sentimentos e de pessoas nos salvará de ficarmos uma vida toda sem sair do lugar, por medo do novo, do recomeço, do começar do zero.

Nada é nosso de fato, a não ser o que temos dentro de nós: amores sinceros, sentimentos verdadeiros e todas as boas lembranças que carregamos no peito. A vida pode mudar num piscar de olhos, sem mais nem por quê, sem que estejamos preparados. Nossa capacidade de levantar toda vez que a vida ferra com tudo, nossa resiliência, é o que nos reerguerá das escuridões que parecem intermináveis e nunca o são. E por isso é que devemos manter o coração leve: ele é a morada de nossa resiliência!

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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