Alessandra Piassarollo

“Pessoas com medo não mudam o país.” (Ricardo Boechat)

A palavra medo é uma das que mais tem nos perseguido. Ele tem se disfarçado e nos impossibilitado de muitas maneiras porque o medo tem infinitas máscaras e anda sorrateiro, procurando chances de nos travar a vida.

Ricardo Boechat, que partiu deixando saudade de seu pensamento afiado, afirmou que “pessoas com medo não mudam o país.” Tratava-se de um contexto específico, mas podemos fazer deste pensamento uma reflexão mais íntima, pessoal.

Uma pessoa com medo não muda a própria vida, eis um fato! Fica apenas dando voltas em torno de si mesma, mas não sai do lugar. Mesmo que não esteja em um bom lugar, diga-se de passagem.

Alguns medos foram plantados desde a infância, quando nos diziam para termos cuidado com os monstros que se escondiam debaixo de nossas próprias camas. Outros receios nós apenas assumimos, repetindo que não tínhamos esta ou aquela capacidade. Nós mesmos fabricamos alguns temores e os colocamos lá, como obstáculos limitantes. Tornaram-se prisão, como se nos dissessem: daqui você não passa.

E assim, muitos de nós recita como mantra a afirmação de que não é capaz. E fica na mesma, sem crescer nem acrescentar na própria vida, nem na vida das pessoas em volta, que poderiam se inspirar nesses exemplos positivos.

Pessoas com medo não constroem sequer uma vida interessante. Constroem apenas casulos, e ficam dentro, embora não pretendam nenhuma metamorfose.

São muitas faces: é o medo de romper com uma relação abusiva; de aprender a dirigir; de viajar de avião; de procurar um emprego que possa ser mais satisfatório; medo do que irão pensar desta ou daquela decisão; de parecer diferente; medo de se posicionar; de expressar uma opinião. A lista seria enorme e impublicável e é interpretada e vivida por cada um à sua maneira.

O medo de não conseguir interfere na decisão de tentar. O medo de não saber lidar com o novo também. Expor fraquezas e defeitos amedronta; tornar-se uma pessoa diferente, quem diria, também assusta e aprisiona.

Mas tudo pode mudar. As barreiras podem cair. O temor é apenas um muro e ele nem é tão resistente quanto parece. A melhor chance de derrubá-lo está na possibilidade de dar um novo significado ao que se tornou um limite rígido. Trata-se de decidir fazer algo apesar do medo, que, diga-se de passagem, é universal.

Imaginar os benefícios que virão com a mudança de atitude e o quanto uma experiência dessas é capaz de ensinar são excelentes motivos para encarar esse processo de “perda do medo”.

Como poderemos ajudar a construir um país melhor se não conseguimos realizar mudanças em nossa própria vida? A resposta pode estar dentro de nós. Toda mudança, mesmo que pequena, gera uma onda. E se cada um de nós mudar um pouco, de certa forma, o mundo muda também.

Alessandra Piassarollo

Administradora por profissão, decidiu administrar a própria casa e o cuidado com suas duas filhas, frutos de um casamento feliz. Observadora do comportamento alheio, usa a escrita como forma de expressar as interpretações que faz do mundo à sua volta. Mantém acessa a esperança nas pessoas e em dias melhores, sempre!

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Alessandra Piassarollo

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