Aqui são descritas pessoas com temperamentos fortes e especiais e outras já com diagnóstico de bipolaridade. Em todos os casos, analisa-se como esse temperamento pode ter sido influente em seu sucesso.
Por Diogo Lara
ALGUMAS PESSOAS FAMOSAS ILUSTRAM a diversidade de expressões que o temperamento forte pode assumir, tornando-as mais evidentes na sociedade. Muitas provavelmente manifestaram a bipolaridade, mas quero enfocar seus temperamentos especiais. Não faltaram personagens e ídolos do século XX que tiveram, além da exuberância, trajetórias meteóricas para o sucesso e fins trágicos e também precoces. Entre os artistas, Elvis Presley e Marilyn Monroe nos Estados Unidos; no Brasil, Elis Regina, Cazuza, Renato Russo, por um triz não foi Herbert Vianna para citar alguns. Pode-se afirmar que suas características de intensidade emocional, criatividade e sensualidade, entre outras, favoreceram sua projeção, mas vieram acompanhadas de outros comportamentos, como uso de drogas, atividade sexual não segura ou aventuras ousadas demais.
Em um documentário recente sobre Elvis, palavras como sensualidade e sexy foram tão pronunciadas quanto seu próprio nome. Surgiu jovem, sorriso fácil, à vontade sob os holofotes e as câmeras, totalmente entregue
tanto em canções animadas quanto nas românticas, dançando de uma maneira tão extravagante que faria qualquer outro parecer ridículo, criando moda e quebrando tabus, com o brilho hipertímico no máximo. Transou com inúmeras fãs. Com o passar dos anos, foi ficando pesado no humor e no corpo, instável. Destruiu-se com 40 e poucos anos. A trajetória de Marilyn não foí muito díferente. Lógico que o fato de os dois serem muito bonitos contribuiu para o estrelato, mas o que os fez diferentes das outras centenas de rostinhos bonitos ou vozes afmadas era a atítude naturalmente brilhante e o magnetismo que emanavam, comum em muitas pessoas com o perfil bipolar.
Quem viu não esquece Elís Regína cantando Arrastão, com os braços girando como uma hélice, pronta para decolar, Assim, de cara, na estréía para o grande público, uma guria! Como Elvis, tinha a versatilidade de produzir naturalmente o tom emocional certo para cada músic. Suas interpretações comoviam e contagíavam. Mimetizava o próprio humor, provavelmente ciclotímico, indo do paraíso ao inferno em minutos. Suas opiniões eram fortes e decididas, não se importava com o juízo que fizessem, condizendo com o apelido de Pimentinha. Passou por inúmeros cortes de cabelo, vários estilos de vestir e alguns homens. Excedeu-se nas drogas e teve fim aos 40 e poucos anos- não fosse pelo seu temperamento talvez isso não tivesse ocorrido, mas provavelmente também não teria sido a grande Elis.
Renato Russo e Cazuza tinham o dom da poesia original e instigante e o brilho para interpretá-la musicalmente em sua plenitude. ambos morreram devido ao mesmo tipo de conduta insegura. Os dois também pareciam expressar a chamada pansexualidade, ou seja, o que vier vem bem se der o clique certo. Cazuza encarnava francamente o perfil hipertímico, enquanto Renato Russo parecia puxar para o padrão ciclotímico, mais nebuloso, rebelde e turbulento. Já foi demostrada, sem grande surpresa, a alta frequencia de pessoas de espectro bipolar infectadas sexualmente por vírus sexualmente transmissíveis, como o HIV, que vitimou ambos.
Ayrton Senna não suportava ver ninguém à sua frente. Sentia-se bem a 300 km por hora. Pilotava no limite, um limite desenhado e desafiado por anos de dedicação e sensibilidade para os detalhes. Quando perdia, a culpa era sempre do carro ou de algum inepto que não sabia pilotar, nunca sua – mas com este potencial de ataque e conquista, quem precisa de mecanismos de defesa psicológicos evoluídos? Tinha fortes atributos de persistência: redobrava a dedicação, o planejamento e a concentração para a próxima prova. Foi uma pessoa marcada pela intensidade afetiva, o carisma e as conquistas.
Herbert Vianna, certamente um dos grandes talentos musicais brasileiros das últimas décadas, acidentou-se voando de ultraleve. Podemos nos pergumax o que leva pessoas como ele a correr certos riscos. Para entender, só usando a lógica da novidade, da aventura, do diferente e da emoção, que não à toa coexistem nos gênios e nos criadores.
Vários outros talentos artísticos, alguns com histórias mais trágicas e conturbadas que outros, poderiam ser citados e analisados, como Picasso, Dalí, Mick Jaegger, Janis Joplin, Rita Lee… cada um com expressões particulares do universo de seus temperamentos marcantes.
Na linha dos empreendedores, um exemplo é Jack Welch, presidente por vários anos General Electric. Considerado um dos maiores executivos de todos os tempos, revolucionou a empresa, desburocratizou-a, quebrou regras e dogmas. Comandou negócios tão diversos como a produção de eletrodomésticos, canais de tevê e satélites. Era excepcionalmente franco, impaciente, competitivo, ousado, odiava burocracia, adorava festas e comemorações e tinha um pensamento tão rápido que chegava a atrapalhar sua fala.
Pessoas famosas com bípolaridade
Não faltam exemplos de pessoas que, além do temperamento forte, têm (ou tiveram) bipolaridade em algum grau. Pelo estigma que o transtorno de humor bipolar ainda carrega na sociedade pode se compreender por que muitos evitam divulgar seus sintomas ou tratamentos.
Na literatura, Agatha Christie, Virginia Woolf, Ernest Hemingway, Edgar Allan Poe, Graham Greene, Hans Christian Andersen. Na poesia, T. S. Eliot, Walt Whitman. No Rock, Axl Rose (vocalista do Guns n´Roses), Kurt Cobain (ex vocalista do Nirvana). No jazz, o pianista Thelonius Monk. Na música erudita, Tchakosvky e Mozart. No cinema, Robin Williams, Jim Carrey e Elizabeth Taylor. Nas artes, Paul Gauguin e Vincent van Gogh, revelados inclusive pela intensidade das cores de seus quadros. Vale dizer que não é requisito ser bipolar para ser artista, mas vários estudos apontam que a presença de bipolaridade é bem mais frequente entre artistas do que na população geral. Outros bipolares entre famosos personagens da história: o filósofo Platão e o cientista Isaac Newton. Na política, Winston Churchill, Abraham Lincoln e Ulysses Guimarães.
O temperamento forte e uma provável bipolaridade leve parecem ter contribuído para a projeção e o sucesso da cantora de ópera Maria Callas e o chef francês Bernard Loiseau. Ambos tinham a emoção aflorada, grande entusiasmo, humor exaltado e a busca da perfeição como características marcantes, além de um estilo próprio de atuar que revolucionou suas áreas. Ambos viveram suas apoteoses até a quarta década de vida e morreram cedo, ela aos 54 e ele aos 52 anos. Loiseau, em poucas semanas, foi invadido por uma grande turbulência do humor acompanhada de extrema negatividade, que era o oposto de seu perfil até então hipertímico. Suicidou-se com um tiro de espingarda. Sua maior preocupação era manter a extrema qualidade e originalidade de pratos de seu restaurante La Côte d´Or, que havia sofrido uma leve queda de cotação em um guia de restaurantes.
Diogo Lara é médico psiquiatra, professor e pesquisador em neurociências.
O texto acima é fragmento do seu livro “Temperamento Forte e Bipolaridade: dominando os altos e baixos de humor.
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