Por PATRICIA RAMÍREZ
- Elas chegam, nos contagiam com suas emoções negativas e nos deixam sem forças
- Defender-se e proteger-se desse tipo de pessoas é uma obrigação
- Conter os virais vitimistas não é abandoná-los, mas convidá-los a assumir as rédeas
Com certeza você já se viu alguma vez numa situação em que, depois de conversar com um amigo, se sentiu desolado, contemplou o mundo com mais tristeza e menos entusiasmo do que antes de começar a conversa, ou pensou: “Nossa, nunca acontece nada bom com esse amigo, ele está sempre reclamando”. E em situações extremas, você ouviu o telefone tocar, viu o nome de quem estava ligando e deixou de atender porque sabia que essa pessoa, de alguma maneira, ia complicar sua vida: contar um problema novo ou continuará falando de seu assunto único, em geral com a temática “desgraça”. A pergunta que sempre se faz depois de passar um tempo com pessoas virais é: “E que necessidade tenho eu de ficar ouvindo isso?”.
Quem são as pessoas virais? São aquelas que chegam e contagiam de mau humor, de tristeza, de medo, de inveja ou de qualquer outro tipo de emoção negativa que até aquele momento seu corpo não tinha manifestado. É como um vírus: chega, se espalha, faz você se sentir mal e quando você se afasta, pouco a pouco, volta a seu estado natural e, com sorte, esquece.
A origem da pessoa viral é variada: o mau gênio, a inveja, a falta de consideração, o egoísmo, a estupidez ou a falta de tato. O importante é ter recursos suficientes para se proteger do contágio. O mundo está cheio de pessoas virais de diferentes tipos, umas menos daninhas e outras bem más, que deixam lembrança e cicatriz.
Virais passivos. Nessa categoria incluo os vitimistas, os que colocam a culpa de todo o seu mal em quem está em volta, nunca são responsáveis pelo que lhes acontece de ruim porque são os outros ou as circunstâncias que provocam seu mal-estar. Se você os ouve e está bem, pode até se sentir uma má pessoa por desfrutar do que os vitimistas não têm. E não porque não tenham a possibilidade de fazê-lo, mas porque aprenderam a ganhar a atenção pela queixa e isso é cômodo. Sentem-se maltratados pela vida e abandonados pela sorte. Sem dúvida, fazem sentir-se mal quem não presta a atenção ao que acreditam ser merecedores. Com essas pessoas, você sofrerá o contágio dos vírus da tristeza, frustração e apatia.
Virais caras-de-pau. São os que sempre pedem favores, mas nunca estão atentos às necessidades dos outros. Não mantêm relações bidirecionais nas quais dão tanto quanto recebem. Tiram dos outros sem perguntar se tudo bem, se precisam de ajuda, se podem emprestar naquele momento. São egoístas e egocêntricos e, no momento em que suas necessidades deixam de ser satisfeitas, começa a crítica e a chantagem emocional. Com essas pessoas você sofrerá o contágio do vírus do “sinto que estão abusando de mim”, do aproveitamento e da resignação.
Virais críticos. Vivem a vida dos outros, porque a deles não é suficiente. A vida deles é cinza, chata ou frustrante demais para se falar dela, então destroem tudo que está à sua volta. Não espere palavras de reconhecimento para os outros nem que falem de forma positiva de ninguém, porque ver que os outros estão bem potencializa sua frustração como pessoas. Não sabem competir sem destruir o outro. Arrasam como Átila. Com essas pessoas, você sofrerá o contagio do vírus da desesperança, da vergonha, até da culpa, se participar da crítica. E a culpa logo trará o vírus do remorso.
Virais preconceituosos.Mantenha-os bem longe. São ressentidos com a vida, porque não foram capazes de administrar a própria ou porque a vida não foi como imaginavam. Antecipam que as pessoas são interesseiras e não esperam nada bom delas. Tudo é interpretado de forma negativa, todo o mundo é visto com má intenção. Vivem em um constante ataque de ira, como se o mundo lhes devesse algo. Não suportam que outros tenham sucesso, esforço e força de vontade, porque menosprezam ainda mais essas atitudes de superação. Com essas pessoas, você sofrerá o contágio do vírus da vulnerabilidade, da insegurança, da impotência e da ansiedade.
Virais psicopatas. Para quem não sabe, não é preciso ser serial killer para ser psicopata. O psicopata é aquele que inflige dor aos demais sem sentir a menor culpa, remorso e sem se sentir mal. Há muitos assim, que não sujam as mãos. São os que humilham, faltam com o respeito de propósito, batem, ameaçam e fazem com que o outro se sinta ridículo, menosprezado e sem autoestima. Diante deles, saia correndo, porque o que fazem uma vez, repetem. Se permite que o maltrate, você acabará pensando que esse é o tratamento que merece. Com essas pessoas você sofrerá o contágio do vírus do medo e do ódio. Muito difícil de erradicar, permanece por muito tempo em sua memória.
Mecanismos de defesa. Para evitar o contágio dos virais vitimistas, a primeira coisa a fazer é interrompê-los. Diga que está ali para ajudá-los a tomar decisões e solucionar problemas, mas não para ser o lenço no qual afogam suas mágoas sem se envolver. Essas pessoas se acostumam a chamar a atenção por suas desgraças, mas são incapazes de se responsabilizar e agir porque optam pelo caminho mais fácil: chorar.
Diga a elas que ficará encantado em ajudar se elas se mobilizarem. E, se não o fizerem, afaste-se de alguém que tomou a decisão de ser um parasita a vida toda. Você não está abandonando, está lhe dando estímulo para agir. Se decidir não tomar as rédeas da própria vida, ser seu lenço também não será uma ajuda. A mesma energia que se gasta reclamando é a energia empregada para buscar soluções. A primeira opção consome e paralisa, e a segunda, soma.
Diante do vírus de pedir, use o antivírus de dizer não. Se você não fizer prevalecer suas necessidades e prioridades, os outros também não o farão. Uma coisa é ser solidário e outra muito diferente é estar à disposição de todos e não nunca para si mesmo.
Não permita que a pessoa viral crítica faça julgamentos de outras pessoas que não estejam presentes. Se fizer isso com os outros, também fará quando você não estiver presente. Não entre nesse jogo nem se identifique com essa conduta. Diga que não gosta de falar de pessoas que não estão presentes. E se se trata de rumores, diga que não tem a certeza de que o rumor seja verdadeiro. Os rumores, na maioria das vezes, são infundados, falsos ou exagerados. Propagam-se como o vento e, apesar de que logo se comprova que são falsos, o dano está feito. Aja como gostaria que fizessem com você, com respeito, discrição e veracidade. É mais importante ser ético do que evitar um conflito com um crítico.
E, por fim, não permita que ninguém lhe falte com o respeito e muito menos o maltrate física ou psicologicamente. Como pessoas, todos merecemos um tratamento digno. Peça ajuda, coloque-se em seu lugar, não dê uma segunda chance a quem o machucou. Quem machuca não gosta de você; pare de justificar o outro por seu passado, seu caráter, sua educação, o álcool ou seus problemas. Nada, absolutamente nada, autoriza a falta de respeito e os maus-tratos físicos e psicológicos. E isso é válido no âmbito familiar, profissional e entre os amigos.
Cerque-se de pessoas de bem, que gostem de você e que demonstrem isso, que lhe façam feliz, com as quais saia com as baterias recarregadas. Temos a obrigação de ser felizes e aproveitar. Há muita gente disposta a isso. Não as deixe escapar. As pessoas estão aqui para se ajudar, somos uma equipe.
Fonte indicada: El Pais