Marcel Camargo

Pode chorar no meu ombro, mas não se esqueça de mim quando essa dor passar

Faz um bem imenso podermos ouvir, acolher e ajudar a quem esteja precisando de um ombro amigo, de ouvidos atentos ou de palavras de ânimo. Isso nos fortalece e nos torna mais aptos a enfrentar as próprias dificuldades. Mesmo assim, também nos deixa felizes quando se lembram de nós nos momentos de alegria, visto que tanto no fracasso quanto no sucesso podemos ser úteis – isso é reconhecimento, gratidão.

É verdade que devemos praticar o bem de maneira espontânea e desprendida, sem esperar obter algo em troca, para que possamos exercitar nossa capacidade de doação incondicional. No entanto, humanos que somos, também temos prazer em poder ser alguém com quem os amigos dividem alegrias, ou seja, quem nos procura para chorar as dores não deve nos esquecer quando tudo estiver bem.

Nem sempre estaremos sendo egoístas ao pensar em nosso bem estar, em nosso equilíbrio, em nós mesmos, enfim. Caso apenas nos doemos, nos entreguemos, sem receber retorno algum, acabaremos nos cansando, perdendo as forças. Sim, amor que vai se multiplica e alimenta a nossa alma, porém, ninguém foge à necessidade da troca, do vai e volta, da reciprocidade. Nada se sustenta em terreno que somente cede, sem ser reposto, sem ser cuidado, sem ser terreno cheio.

Temos que ter esse cuidado em valorizar as pessoas por tudo o que são e não somente pelo que nelas nos interessa em determinados momentos, pois isso equivale a usar o outro como um objeto qualquer. Quem nos consola também sabe sorrir junto. Quem nos aconselha também sabe contar piadas. Procurar a pessoa apenas quando estiver por baixo poderá acabar culminando na ausência dela quando você mais precisar, porque a gente cansa de ser usado, mesmo que demore.

Tudo tem seu tempo, tudo requer equilíbrio, os excessos nada produzem de positivo, ou seja, sempre será necessário ponderar sobre a intensidade com que nos dispomos a agir, em todos os setores de nossas vidas. Fechar-se ao outro, sem se permitir entregar um nada, é uma das piores coisas a se fazer contra si mesmo, porém, apenas se doar, sem repor as energias com as trocas de que se constituem os relacionamentos saudáveis, nos impedirá de completar a nossa essência com a felicidade a que todos temos direito.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Com Julia Roberts, o filme mais charmoso da Netflix redefine o que é amar

Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…

7 horas ago

O comovente documentário da Netflix que te fará enxergar os jogos de videogame de outra forma

Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.

16 horas ago

Nova comédia romântica natalina da Netflix conquista o público e chega ao TOP 1

Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.

16 horas ago

Marcelo Rubens Paiva fala sobre Fernanda Torres no Oscar: “Se ganhar, será um milagre”

O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…

1 dia ago

Série que acaba de estrear causa comoção entre os assinantes da Netflix: “Me acabei de chorar”

A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…

2 dias ago

Além de ‘Ainda Estou Aqui’: Fernanda Torres brilha em outro filme de Walter Salles que está na Netflix

A Abracine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) considera este um dos 50 melhores filmes…

2 dias ago