Poema de Milarepa

Flores de azul turquesa, inundação no vale abaixo
Abundância de seda, uma joia de valor
A lua crescente, e o filho querido
São comparações

Ninguém antes cantou palavras tão soltas
Ninguém pode compreender seu significado
Sem escutar toda a canção

A pintura dourada se desbota ao ser completada
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência.

A inundação varre o vale abaixo
Logo torna-se fraca e dócil na planície abaixo
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Arroz cresce no vale abaixo
Logo pela foice é colhido
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

A roupa suave de seda logo é cortada pela faca
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

A joia preciosa que você admira
Logo pertencerá a outros
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Os pálidos raios da lua logo se desvanecem
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Um filho querido nasce e logo se vai para sempre
Isto mostra a ilusão de todas as coisas
Isto prova a passagem de todas as coisas
Pense e então praticará a lei e a consciência

Estas são comparações que canto
Espero que você se recorde e as pratique
Preocupação e trabalho sempre existirão
Então, deixe-os de lado e pratique agora a grande consciência

Se você pensa que amanhã é o momento de praticar,
Logo descobrirá que a vida passou.
Quem pode dizer quando virá a morte?
Pense sempre nisso e dedique-se à prática.

Amém.

Jetsum Milarepa (1052 — 1135, aprox.) foi um dos mais famosos iogues e poetas tibetanos.

No vídeo acima, apresentação de poema de Milarepa durante Sarau Cultural pelo Tibete, por Mit Mujalli & Francine Canto.
Teatro Álvarez de Carvalho. Florianópolis. Abril de 2012.
Realização: Centro de Cultura Tibetana

Texto compartilhado por Paulo Sérgio Sarra, indicação Luis Gonzaga Fragoso







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