As polícias civis do Rio de Janeiro e de São Paulo estão investigando o comportamento de um mineiro de 33 anos que vem sendo chamado pela mídia de ‘golpista do Tinder’ brasileiro. Rafael Correa de Paula, que ostenta uma vida de luxo nas redes sociais, é acusado de estelionato, ameaça, difamação, lesão corporal e denunciação caluniosa.
Ao jornal Extra, um empresário paraibano de 38 anos, que preferiu manter sua identidade em sigilo, relatou a experiência vivida com Rafael. Ele conta que quando se conheceram, o mineiro fingia ser herdeiro e administrador de fazendas, se exibindo em registros nas redes sociais usando roupas e acessórios de grife, além de mostrar que viajava na primeira classe para destinos luxuosos, como Dubai, Emirados Árabes, Grécia e até para o Deserto do Saara, na África.
Após conversas no aplicativo de relacionamento, eles se encontrarem pela primeira vez na orla de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e iniciaram um romance, que posteriormente evoluiu para um relacionamento mais sério. Logo, o empresário paraibano foi convidado por Rafael para acompanhá-lo nas viagens para outros países, com a promessa de que era possível conseguir ótimos preços de passagem com desconto de milhas que ele estava acumulando. De posse do cartão de crédito do empresário, o rapaz gastou cerca de R$ 70 mil com passagens e hospedagens.
Acreditando ter sido vítima de um golpe, o empresário decidiu terminar o relacionamento, mas passou a ser perseguido pelo ex-companheiro. Segundo o paraibano, Rafael teria criado perfis falsos nas redes sociais, onde publicava informações para prejudicar sua imagem. Além disso, passou a utilizar seus dados pessoais e bancários para realizar compras de altos valores pela internet e ainda solicitou o cancelamento de seus cartões de crédito e o estorno de valores já pagos pelo empresário.
“No início, a conversa e a companhia eram agradáveis, mas, com o tempo, passei a ter certeza de que era tudo uma farsa”, disse o empresário vítima do golpe.
Depois que Rafael invadiu o prédio onde ele mora, no Arpoador, o empresário registrou um boletim de ocorrência na 14ª DP do Leblon. Já o mineiro recorreu à 13ª DP, em Ipanema, para denunciar o ex por agressão. Ele alega ter levado socos e chutes do empresário. Nesse inquérito, imagens de câmeras de segurança desmentiram a versão do golpista, e ele foi indiciado por atribuir falsamente um crime ao ex-companheiro.
Outras denúncias
Rafael responde a um inquérito na 78º DP, localizada no bairro do Jardins. A acusação é que, após ter terminado um relacionamento de dois anos e meio com um arquiteto, impediu o ex de deixar seu apartamento, segurando seus braços e pescoço. O homem alega ter sido vítima de violência psicológica, ameaça e constrangimento.
O mineiro ainda responde a uma acusado de lesão corporal na 13º DP, em Campinas. Ele teria dado um tapa em uma mulher que trabalhava como caixa de supermercado depois que ela lhe disse que não teria troco para R$ 100. No Juizado Especial Cível da cidade, a mulher entrou com um pedido de indenização de R$ 14 mil contra Rafel por danos morais.
Já na 1ª Vara Cível do Fórum de São Paulo, uma proprietária de apartamento no Bairro Jardim Paulista acusa o rapaz de dever R$ 4.900 do contrato do imóvel alugado por ele.
Contratação de pacote de viagens
Na 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, Rafael é réu em um processo por ter utilizado os dados de outro homem para contratar três pacotes de viagem no valor de R$ 2.300 de uma agência de turismo, através de um financiamento. Segundo denúncia do Ministério Público, a vítima só se deu conta que tinha sido vítima do golpe quando tentou abrir uma conta bancária e foi informado da restrição que havia em seus dados cadastrais por causa da dívida.
“O denunciado obteve para si vantagem ilícita, induzindo e mantendo a empresa a erro, mediante ardil”, disse o promotor Maurício Lins Ferraz.
Em depoimento à 1º DP, em Ribeirão Preto, Rafael disse que estudou com a vítima por três anos em um colégio particular de Frutal, no interior de Minas Gerais, tendo mantido laços de amizade com ela até entrarem em atrito por “motivos banais”. Segundo o delegado Udelson Canova Simionato, ele alegou que o financiamento foi autorizado pelo rapaz. Na delegacia, Rafael afirmou não saber o motivo pelo qual “duas parcelas ficaram em abertas”, porém chegou a mostrar comprovação de quitação de débitos.
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Redação Conti Outra, com informações do jornal Extra.
Fotos: Reprodução.