…não aceito isso ou aquilo, não me envolvo com certos temas, não opino em algumas discussões. Por princípios entendo que sou assim e dessa forma me sinto confortável.
Até que um dia os princípios me engessam, me paralisam a ponto de só conseguir balançar a cabeça, muito embora esteja gemendo para me expressar, defender meus argumentos, fazer diferença numa determinada questão. Mas, por princípios, não devo me contaminar.
É a hora em que a consciência se apresenta e me diz claramente que eu não sou um conjunto de princípios e comportamentos, que sou livre para escolher e atuar em qualquer tema que me provoque reação. A consciência manda os princípios se calarem, ou então, mudarem, crescerem, atuarem como meios.
As certezas que crescem com a gente também envelhecem, também precisam de atualizações e novas versões que suportem a vida atual. Se os princípios não se tornam flexíveis, tendem a enferrujar e literalmente estragar no canto das certezas tolas que acumulamos vida afora.
…mas ela nos diz claramente principalmente o que estamos deixando de fazer. E nesse momento, seguir seu conselho e arrebentar o cadeado de um princípio ultrapassado, é um enorme passo na direção do senso de justiça, que também nos presenteia o conforto de argumentos justos e fortes.
Certamente a intenção da consciência não é de se rebelar contra os princípios, mas sim de não aceitar o que não cabe mais, o que impede a clara visão das coisas, o que acovarda e trava a autonomia que todos devemos ter.
Princípios são o começo das certezas, as escolhas de regras que funcionaram em uma época. Se não forem reciclados, viram preconceitos, covardias, ofensas e humilhações. É importante que se tornem meios e eficientes para que possam se converter finalmente nos fins de uma vida livre e desimpedida de respostas prontas.
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