por Nathalí Macedo
A solidão é uma droga. Essa primeira frase, sozinha, responderia a pergunta aí em cima. Mas, calma, eu juro que esse texto fará algum sentido, nem que seja te mostrar que pode haver textos sem sentido algum, mas que você lerá até a última linha. Vai entender.
É impossível ser feliz sozinho, já dizia o Vinícius, e quem sou eu para discordar? Nada melhor que um corpo quente em noite fria, um brinde com cerveja gelada em domingo de praia, com bons amigos e um bem-querer ao lado, já que ninguém é de ferro.
Eu só não poderia escrever um texto apenas pra te dizer que a solidão é ruim. Preciso, afinal, aprender a fugir do clichê. Acontece que algumas pessoas simplesmente não conseguem ficar sozinhas nunca. Elas precisam de companhia para fazer as refeições, para ir ao cinema, passar os feriados e até pra fazer o número dois – acredite você ou não.
Essas pessoas se recusam à própria companhia. Querem tanto conhecer outras pessoas e outros mundos, que esquecem de olhar o seu próprio mundo. E aí, adeus autoconhecimento.
Mas desfrutar da própria companhia é igualmente necessário – e maravilhoso. Aquela taça de vinho acompanhada da sua música predileta não necessariamente precisa de um brinde. Se você quer ir ao seu restaurante predileto e ninguém quer ir junto, você não precisa comer miojo ou recorrer ao delivery. Vá consigo mesmo. Parece filosofia barata de um forever alone que passa as noites de sexta escrevendo sobre um assunto qualquer, e pode até ser que sim.
Eu gosto da solidão para coisas rasas ou profundas. Gosto de estar sozinha para pensar sobre o sentido da vida ou simplesmente desmanchar as pontas duplas do meu cabelo. Para escutar minha música predileta a todo volume sem fones de ouvido. Pra falar sozinha, andar pelada pela casa, dançar de um jeito que eu nunca dancei em pista nenhuma, a não ser de pijama em cima da cama.
E é por toda essa liberdade solitária que eu não compreendo pessoas que dependem tanto do outro. Que mal saíram de um relacionamento e já estampam letreiros luminosos de “procura-se”, sem sequer se dar o direito de digerir os próprios sentimentos. Vão se atropelando, se apoiando em quem quer que seja, porque, na verdade, não conseguem se valer sozinhos. É triste ver pessoas que simplesmente não sabem lidar consigo mesmas, não conseguem passar um sábado sequer em casa vendo TV e comendo pipoca – sozinhos. Só de vez em quando, pra se descobrir, se conhecer e, acima de tudo, se amar. Depois, volta-se para os amigos e os amores, naturalmente.
Nascemos sozinhos e assim morreremos, disso ninguém duvida. Construir relações bonitas no decorrer da vida é o que há de mais lindo, mas depender delas é o início de uma catástrofe pessoal.