Lembra-me o porquê de já não fazermos sentido. Lembra-me o porquê de não dever ficar triste quando me lembro de tudo o que passamos juntos. Diz-me por que não chorar por já não ver as minhas pantufas em frente aos teus chinelos, como se estivessem dando um beijinho.
Diz-me por que o meu coração já não deverá apertar de saudade ao recordar quando preparávamos o pequeno almoço ou, antes de deitar, íamos ver uma besteirinha qualquer para comer. Diz-me onde arrumar as memórias de todos os passeios por Lisboa, da tua voz cantando para mim, ou quando me fazias cafuné antes de adormecer.
Ainda hoje, não sei o que há na tua voz que me acalma. Antes de me ajudares a te esquecer, ensina-me alguma outra forma de apaziguar o coração. Lembra-me o que deixou de fazer sentido nas bobagens que diz e que ou me dão raiva ou me fazem simplesmente sorrir. Para onde irão todas as longas conversas que tivemos? E os beijos e abraços?
Não sei se irei te ver novamente… a vida tem destas coisas. Uma vez, uma pessoa que, de fato, nunca mais vi, disse-me: nós nos veremos no céu. Sempre achei essa frase tão triste… mas há tantas pessoas que talvez já só se vejam no céu. Pode servir de consolo saber que pelo menos ainda te verei? Talvez seja apenas loucura minha, mas, amor, nós nos veremos no céu.
Imagem de capa: Ollyy/shutterstock
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