Por que você se foi? O acompanhamento Psicológico no Luto.

“A gente prepara, com carinho e alegria, a chegada de quem a gente ama. É preciso preparar também, com carinho e tristeza, a despedida de quem a gente ama.” (Rubem Alves)

Quando alguém que amamos se vai, ou com a ameaça de perda iminente, nasce uma angústia avassaladora; várias incertezas e perguntas sem respostas. Isso dói. Corrói. Por que você se foi? O enlutado se pergunta e, dificilmente consegue resposta. Os esforços para compreender a perda são grandes, contudo, as respostas nem sempre são satisfatórias. As conclusões, por vezes, são formadas por pessoas próximas e ora do próprio esforço de pensamento. Mas o fato é que a morte faz parte da vida, porém também faz parte das questões as quais nem sempre estão ao alcance de uma compreensão lógica.

Com duração variável, o sofrimento intenso é, muitas vezes, paralisante. O que não significa que seja patológico, podendo ser algo natural em decorrência do forte vínculo que foi estabelecido. Por um tempo (o tempo do luto) é esperado que isso aconteça e, é importante que aconteça, inclusive. Não dá para depositar expectativa no tempo como remédio único para cicatrizar feridas, reparar danos e solucionar questões difíceis. No entanto, com o tempo, tem-se a possibilidade e o espaço necessário para que se possa ir elaborando melhor as dores. O tempo é um espaço possível para que coisas que pareçam gigantes possam se diluir neste espaço e tornarem-se mais acessíveis.

Quando o acompanhamento psicológico é indispensável?

Chega um momento (com um tempo relativo e particular) em que a vida precisa seguir. É preciso lembrar-se de que, embora alguém importante tenha ido, a própria vida é também muito importante.

Nem sempre o acompanhamento psicológico vai ser necessário, pois é possível lidar com a dor e seguir com as atividades habituais, sem grandes desordens. No entanto, a morte é potencialmente um evento traumático, que pode romper com o equilíbrio das estruturas psíquicas e emocionais. Merece atenção. Além disso, diante da vida agitada da maior parte das pessoas e com as limitações que cada um tem para lidar com o sofrimento (próprio e o do outro), não há espaço para compartilhar a dor da perda. Passa-se por cima. Faz-se um esforço desmedido de não entrar em contato com os conteúdos que estão latentes. Ficando dessa maneira, superficialmente “tudo bem”. Deste modo, os sentimentos conflitantes, por ora adormecidos, podem vir a agravar o luto, tornando-o uma depressão etc. E é aí que o acompanhamento psicológico torna-se imprescindível.

A psicoterapia é também um espaço para o auxílio na significação da morte, na legitimação da dor e para uma escuta empática da perda conflituosa. Um profissional pode proporcionar o acolhimento necessário a essa fase complexa da vida, que é a morte.

Bárbara Farias

Psicoterapeuta de orientação psicanalítica, possui especialização em Psicologia Hospitalar, com ênfase em Oncologia (FCM-UNICAMP) e é mestranda no programa ICHSA (FCA-UNICAMP), tendo a morte como tema de pesquisa. Administradora da página Por que você se foi? -Falando sobre a morte.

Recent Posts

Com Julia Roberts, o filme mais charmoso da Netflix redefine o que é amar

Se você é fã de comédias românticas que fogem do óbvio, “O Casamento do Meu…

9 horas ago

O comovente documentário da Netflix que te fará enxergar os jogos de videogame de outra forma

Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.

18 horas ago

Nova comédia romântica natalina da Netflix conquista o público e chega ao TOP 1

Um filme charmoso e devertido para te fazer relaxar no sofá e esquecer dos problemas.

19 horas ago

Marcelo Rubens Paiva fala sobre Fernanda Torres no Oscar: “Se ganhar, será um milagre”

O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que inspirou o filme Ainda Estou Aqui,…

1 dia ago

Série que acaba de estrear causa comoção entre os assinantes da Netflix: “Me acabei de chorar”

A produção, que conta com 8 episódios primorosos, já é uma das 10 mais vistas…

2 dias ago

Além de ‘Ainda Estou Aqui’: Fernanda Torres brilha em outro filme de Walter Salles que está na Netflix

A Abracine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) considera este um dos 50 melhores filmes…

2 dias ago