Como é bom a facilidade de encontrar pessoas pela internet! Pessoas que vivem distantes, e que se estivéssemos em outros tempos talvez nunca poderíamos manter contato cotidianamente. Como é bom reencontros que o mundo virtual possibilita, como é bom trocar fotos, mensagens, recados, áudios, vídeos. Percorrer universos com alguns cliques, compartilhar interesses, acompanhar vidas através de uma tela.
Skype, whatsapp, facebook… conectam mundos, preservam amizades, nutrem conversas e laços que poderiam se desfazer naturalmente numa realidade off-line.
São ferramentas demais de boas! E já não vivemos sem elas.
Mas quando o assunto é amor, relacionamento, me desculpe, mas eu ainda acho que 90% tem que ser pele.
O vídeo, o áudio, o teclado nos interconectam, mas só por um lado. Para amar eu tenho que sentir, perceber a comunicação que acontece no silêncio, nos gestos.
Nada substitui os olhos nos olhos, o jeito de mexer as mãos, o cheiro que vaporiza naturalmente e nos liga antes das palavras.
Há uma energia dos corpos que diz mais do que todos os contatos que uma tela oferece.
Por isso eu quero amar uma pessoa tridimensional, 360 graus, que ocupa mais espaço do que o retângulo do monitor.
Quero amar uma pessoa cheia de ângulos e defeitos, cheia de humores e fluidos, cheia de gestos e manias.
Quero o desafio do imperfeito, o cotidiano que mata as ilusões.
Quero uma pessoa de carne osso, sonhos, frustrações, quedas e voos.
Prefiro uma cama cheia e a caixa de e-mails vazia. O telefone mudo e as mãos preenchidas com outro ser humano. Prefiro a casa bagunçada e as mensagens caladas. Prefiro uma voz que fala perto do ouvido a 50 corpos bonitos no tinder.
Quero um relacionamento presencial e sem distância, ao vivo, a cores, a texturas e odores, off-line, orgânico. Quero que os aplicativos sejam as trocas, as risadas e os choros. Que a quantidade de estímulos seja menor, mas mais profunda. Quero tocar com meus dedos as pintas do corpo e não os pontos nas telas.
Quero um relacionamento touch skin