Querendo ou não, o amor não se sustenta sozinho. Ele precisa de maturidade para ser leve e recíproco. Cair nessa conversa de que o amor funciona só na base do “eu te amo” é, além de desgastante, um completo desconhecimento dos próprios sentimentos.
Ninguém pode ou deve criar vínculos sem ter a sensibilidade de reconhecer-se. Os defeitos, as lacunas, as metades. Cada desamor vivido foi uma ponte de aprendizado. Na ausência deles, como viver no amor? Não se vive. Para caminhar no amor é requisito básico estar em contato consigo. É entender que na posse não existe possibilidade alguma de duas pessoas ficarem juntas.
Mas maturidade vem com o tempo. Vem com as perdas e desencontros. Só quem já passou por esses desvios do amar sabe como identificar o amor. E esse amadurecimento emocional anda ausente no mundo atual. Os relacionamentos presentes estão desconexos demais. É uma onda crescente do que é permitido e não permitido expressar, ser. Então, já inconformados, amores se vão.
Os julgamentos amorosos são os piores. Há sempre um pitaco para cada término, para cada início. O amor ganhou ares de dramaturgia, onde o mais importante é opinar em vez de viver. Trocamos o “vamos construir algo juntos” por um “eu preciso mais”. O que fere não é individualidade dos amantes, mas o egoísmo de prontidão para endurecer corações.
Por um mundo com amores mais maduros. Com amores mais dispostos e cientes das próprias escolhas. Pois, quando sentido em comum acordo, o amor é um capítulo contínuo, escrito na base dos gestos e respeitos. Dizer que ama não é lá uma fala tão essencial assim se você souber quais sentimentos nutrir e depositar na outra pessoa.
Imagem de capa: All About Anna (2005) – Dir. Jessica Nilsson
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