Parar.
Descontinuar, desacelerar, pausar.
Porque para dar continuidade, é preciso pausar, senão o fio enrosca, a tinta seca, o elástico arrebenta, a energia finda, o amor se cansa.
O tempo nunca para, mas também não sente, não muda o ritmo, não desiste.
Nós, pessoas que vivemos dentro da dança do tempo, precisamos sim de pausas e descansos para retomar a marcha que sai do planejado. De vez em quando fugimos do prumo, da rota, perdemos a bússola e deixamos a vida à deriva. Não encontramos a motivação, sentimos medo, sofremos temendo que será definitivo, que por fim fomos rendidos pela exaustão. Mas não. A vida só está exigindo uma pausa.
Pausa para retomar as forças. Encher os pulmões e o peito de coragem.
Pausa para encadear os pensamentos. Renovar o que vale, descartar o lixo.
Pausa para sentir saudades de um afeto. E para fazer falta também.
Pausa para estar só e sentir-se só. E estar a sós para refletir.
Pausa para descansar, para relaxar, para delirar, contemplar, descomplicar.
Pausa para entender que as pausas são a reposição do fôlego perdido nas perdas, sejam elas de tempo, energia, dinheiro, esperanças, ilusões, confiança, fé, inspiração.
As pausas renovam e curam. O ritmo se reestabelece, as cores voltam, e com elas, a motivação para encarar o novo. Sim, porque o novo só chega após uma pausa. Porque uma emenda dificilmente se sustenta, porque um remendo será sempre a parte mais frágil de um todo. Porque é preciso romper para recomeçar, findar os ciclos, finalizar pendências, zerar o relógio e fechar a boca por alguns instantes. Deixar o silencio formular as respostas que ainda não temos em palavras nem atitudes.
Pausa não é adeus. É tchau, vou ali em outra sintonia encontrar comigo a sós e então volto com respostas e planos para o futuro.
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