Imagem de capa: O Grande Ditador (1940) – Dir. Charles Chaplin
Eu não vou mentir, escrevo o texto abaixo bastante emocionado. Não lembro exatamente o dia em que me senti tão triste quanto hoje. Percebi que nós estamos falhando como seres humanos, e isso não é sobre religião, mas humanidade na sua essência. Desde quando a morte é motivo para celebração? Desde quando fazemos marchinhas, piadas e desenhos sob o pretexto da alegria e do finalmente ele (a) se foi? Talvez desde sempre, é verdade. Mas não vim do sempre, nem você.
Crescemos e estamos vendo outros nascerem numa sociedade que respira o ódio e o descaso para com o próximo. E estamos perdendo o controle. Perdendo benevolências, ajudas e vontade de conhecer quem mora ao lado, quem pensa diferente. Não há preconceito que passe batido, mas a raiva escorrega entre nossas pernas. Ela fica escondida e na situação mais conveniente ou convincente, ataca. Infelizmente, não sobra um respeito que a segure. E tudo isso para quê? Por quê?
Você vai me dizer que é muito fácil falar desse amor. Que um sentimento assim é um vislumbre utópico e que todos odiamos. Que todos comemoramos, em algum ponto, quando alguém que fez o mal morre. Parece ser o nosso senso de punição, já que desacreditamos há tempos do sistema judiciário. De repente, posso até concordar com você. Sério. Mas, e quando alguém que sequer conhecemos e temos conhecimento dos fatos, encara o fim? Como funciona essa bússola moral vista hoje em dia que aponta e estabelece culpados e inocentes conforme os nossos próprios egos?
Já passamos da hora de atrasarmos o amor. Ele precisa vir urgente e para ontem, antes que deixemos de lado empatias e gentilezas para darmos lugar aos maus tratos, insensibilidades e, principalmente, para essa prepotência de saber sobre tudo a todo momento. Nunca chegaremos a amar ou mesmo a reconhecer o amor enquanto estivermos abraçados, dia após dia, com esse ódio enrustido de justiça para o bem da humanidade.