Quando alguém diz “se cuida” é porque sabe que em algum momento você pode se distrair e cuidar mais dos outros do que de si mesmo. Cuidar do outro não é pecado nem crime, desde que você esteja em dia com o seu amor próprio.
Amar a si mesmo é um exercício diário que nos coloca em consonância com o ser que nos habita. Mas, antes de se amar, você deve se conhecer, e se amar pelo que descobrir. Não importa o quê.
O amor próprio não é autoexplicativo nem vem com bula. O amor próprio não sente culpa pelo que vê. Não acusa o reflexo no espelho. Não ataca. Aceita o que é, e ama. Apenas ama.
Se há algo a ser transformado, não se ofende. É paciente. Ama com o problema em vigência e ama ainda mais com a resolução, com o avanço, com a busca, com a vitória.
A descoberta do amor próprio se dá pelas vias mais improváveis. Às vezes, você o descobre por meio de uma fratura exposta na alma. A fragilidade desperta o amor que deveríamos nos doar todos os dias. Usamos o estoque de amor para estancar o sangramento e descobrimos que não é preciso buscar amor fora de nós para aplacar o que dói.
Quando nos deparamos com os machucados mais doloridos, descobrimos em nós mesmos, o remédio e a cura, e iniciamos o flerte com o amor, o próprio.
O autoconhecimento não oferece todas as certezas, mas abre vias para caminharmos por dentro de nós sem nos ferir com os cacos de outras guerras porque já sabemos quais as estradas que nos conduzem aos abismos, e só iremos lá com o preparo necessário. Sabemos que temos a ferramenta primordial, o amor pelo que somos, e assim, não tememos a queda livre, pois somos capazes de levantar com classe a cada descida.
O amor próprio recupera a íntima carícia, que às vezes, oferecemos aos egos alheios, e esquecemos de nutrir a nossa alma que padece pelos cantos do ser. O amor próprio não é aquela voz que diz “Se cuida”. Ele é o próprio cuidado.