“Ter tempo é um luxo”. Li isso em algum lugar e desconheço o autor, mas, com certeza faz parte das coisas que eu gostaria de ter escrito. Talvez pela verdade que envolva a frase ou pelo medo de perder o tempo que nos resta, o fato é que, minha vida mudou, depois de refletir sobre ela.
Tempo é uma questão de percepção. Para Platão, a origem do tempo possuía uma base cosmológica, para Einstein o tempo não passava de uma ilusão e, para Machado de Assis, o tempo era um destruidor de situações: “o tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto”.
Michael Ende, famoso escritor alemão, em seu livro “Momo e o senhor do tempo” afirmava que “existe um mistério muito grande que, no entanto, faz parte do dia-a-dia. Todos os seres humanos participam dele, embora muito poucos reflitam sobre ele. A maioria simplesmente o aceita, sem mais indagações. Esse mistério é o tempo. Existem calendários e relógios que o medem, mas significam pouco, ou mesmo nada, porque todos nós sabemos que uma hora às vezes parece uma eternidade e, outras vezes, passa como um relâmpago, dependendo do que acontece nessa hora. Tempo é vida. E a vida mora no coração.”
De qualquer forma, indiferente da linha defendida, a verdade é que não aprendemos a administrar o próprio tempo como deveríamos: temos pressa para tudo, mas não temos tempo para nada.
Planejamos nossas vidas como se soubéssemos quanto tempo nos resta, sofremos por pessoas como se fosse impossível a vida sem elas e acreditamos tudo irá acontecer dentro da nossa agenda programada. Doce engano! Mal sabemos que dirigimos nossas vidas até a metade do caminho. O restante, vivemos das consequências das escolhas feitas.
A sabedoria está em atentar-se a isso enquanto há tempo. Assim como a dieta faz bem ao corpo, a administração do tempo faz bem à alma.
Perder tempo em relacionamentos tóxicos, com pessoas vazias ou deixar se abalar pela maldade alheia é uma forma cruel de matar o próprio tempo e desequilibrar os próprios sentidos.
Então, apenas viva bem e viva agora! Ainda há tempo! Ainda há esperança!Ainda há uma forma de recomeçar! Afinal, “o tempo rende muito quando é bem aproveitado”(Johann Goethe).
Não perca seus dias implorando a atenção alheia. Não perca sua vida acreditando que amores mal resolvidos são lindos. Não divida seus momentos com quem não merece vivê-los. Tenha claro que nada que exija seu tempo, seus sentimentos e sua disposição sem oferecer, no mínimo, reciprocidade, pode ser bom para você.
É hoje que a vida acontece. É com quem fica que os relacionamentos eternizam. É nos dispostos que o amor nasce. Essa história de “vamos dar um tempo” é apenas uma forma covarde de brincar com os sentimentos alheios.
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