Psicologia e comportamento

As principais dúvidas dos pais que realmente se preocupam com seus filhos

Por MARCOS MEIER

Do original: Dicas para pais

Como fazer com que as crianças gostem de ir para escola? Como diminuir a resistência?

Os pais podem ajudar seus filhos a gostar da escola participando da vida escolar. Buscar os filhos na escola e ficar mais um pouquinho lá; pedir para o filho mostrar cada detalhe da escola, conversar sobre professores e colegas de turma, conhecer o nome dos melhores amigos da sala e convidá-los a brincar juntos num sábado, enfim, participar com alegria. Isso cria um clima favorável para aceitar a escola como algo bom, gostoso.

A própria escola deve ajudar criando apresentações, mostras, feiras de ciências, etc…  os pais vão à escola e valorizam a participação do filho, criando nele um sentimento bom em relação a tudo que se referir à escola.

O que fazer quando se sabe que a criança está fazendo manha?

Manhas, birras, “shows”, choradeiras, etc são mecanismos que as crianças utilizam para tentar conseguir o que querem. Se os pais, não suportando mais as manhas, cederem uma vez, os filhos aprendem que dá certo, que birra funciona. Portanto, para mudar esse comportamento da criança, ela precisa perceber que a manha não funciona. Para isso, não se deve gritar com os filhos, ameaçar, punir, etc… isso só envia a mensagem para a criança que ela está conseguindo alterar os pais e , portanto, ela pode continuar a fazer as birras. A melhor forma de lidar com isso é afastar-se da criança deixando-a sozinha. A perda da atenção mostra à criança de que birra traz perdas, traz o oposto do que ela queria, o que faz mudar o comportamento.

Como demonstrar segurança?

Pais seguros não gritam, não xingam, não perdem o controle, e não precisam provar seu amor a toda hora com brinquedinhos, com atitudes de desistência perante regras e limites. “Tá bom filhinho, mas só dessa vez” é um dos maiores problemas na educação das crianças. Pais seguros, firmes, que sabem dizer “não” quando precisa, criam filhos tranquilos que conhecem seus limites e que não precisam testar os pais para saber se eles realmente os amam. Vale lembrar que, de vez em quando, podemos sim aceitar exceções, podemos quebrar algumas regras, não precisamos ser sempre tão rígidos. No entanto, é a sistematização que traz resultados.

Como despertar o desejo das crianças fazerem as lições de casa?

Lição de casa é fundamental para a aprendizagem. Durante a aula a criança aprende e o cérebro registra tudo na memória de curto prazo. Em casa, durante a lição de casa, durante a leitura, ou na hora que a criança explica aos pais o que aprendeu na sala, o cérebro envia o que está na memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Se não faz lição, é mais fácil esquecer tudo o que se aprende. Depois, à noite, durante o sono profundo (daí a importância de dormir bem) o cérebro fixa o que estiver na memória de longo prazo. É aí que termina a aprendizagem. Crianças que não fazem lição de casa (ou que as mães fazem por elas) não aprendem adequadamente e depois afirmam que na avaliação “deu um branco”. O mesmo acontece com crianças que não dormem mais de 8 horas por noite.

Assim, para criar o desejo, é necessário criar hábito. Todos os dias um horário para fazer lição ou para ler ou para estudar. Hoje não tem lição? Não faz mal, vamos ler.

As crianças precisam mesmo de uma rotina diária?

Precisam. A rotina traz segurança, tranquilidade. O cérebro aprende que há uma familiaridade no dia-a-dia e não gasta energia tendo que inventar ou descobrir o que vem depois. Dentro da rotina, a criança tem espaço para criar, inventar e fazer novas descobertas mais significativas.

Os filhos podem/devem receber prêmios por bom comportamento e bom desempenho escolar?

Não. Premiar por estudar ou por ir bem numa prova ensina ao filho que estudar não é tão bom assim e que tirar boas notas é raro, por isso deve ser premiado. Pais que prometem prêmios no final do ano por aprovação ou por notas boas criam mais uma pressão (desnecessária) na hora de uma avaliação. A criança fica com medo de errar,  pois pode perder o prêmio. O adequado é acompanhar todos os dias, ver se fez lição, conversar sobre a leitura etc.. isso faz com que a criança não deixe para estudar só no dia da prova. Acompanhar todos os dias vai resultar em aprovação, notas boas, sucesso.

Elogios, beijos e abraços mostram ao filho que os pais têm orgulho do seu comportamento. Logo ele vai sentir prazer em estudar. A motivação será intrínseca.

Qual o segredo para não errar pelo excesso de zelo e nem pela falta de atenção às crianças?

Dar autonomia passo a passo, dia a dia. Autonomia se desenvolve dando responsabilidade e liberdade nas decisões que o filho deve (e pode) tomar. Só liberdade cria filhos irresponsáveis, egoístas e voltados ao prazer a qualquer custo. Só responsabilidade cria filhos escravos, sem personalidade, sem vontade própria. O equilibro desenvolve autonomia.

As férias proporcionam oportunidades de manter relacionamentos familiares agradáveis e descontraídos. Como manter este clima mesmo com a volta às aulas?

Separando momentos de interação. Uma dica prática é fazer pelo menos uma das refeições juntos, mas com uma regra bem clara: proibido falar coisas ruins, assistir TV, dar broncas, pegar no pé, etc… hora da refeição é hora da alegria. Hora de compartilhar coisas que aprendeu, que viveu, sentiu, etc… ou seja, hora de repartir a vida.

Outra dica é: evite dizer não, mas quando disser, faça valer. Passar o dia mandando, dando brincas, brigando com os filhos, não resolve, não cria um clima de participação.

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E você, precisa de ajuda com os seus filhos?

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