Com todo o respeito e admiração aos casais que duram, persistem e seguem na ciranda de homenagens afetuosas. Não é despeito ou inveja. Mas seria bom, pra variar, que a gente assumisse a vontade louca de um amor sacana, daqueles que são instantâneos e, possivelmente, perecíveis com o tempo.
Por que não um relacionamento sem validade? Por que não um relacionamento sem a pesada preocupação de até quando durará e se durará? Porque cada vez mais tentamos controlar o quanto de amor pode-se ter e ser. E quanto mais o fazemos, mais ele se torna irreconhecível. Sacanagem é medir as relações amorosas em regras e comportamentos. O encontro teve aval de ambos? Desce amor, desce beijos, desce cerveja ou vinho. Em comum acordo, qual é o tabu?
Vamos sorrindo, vamos vivendo, vamos desbravando o que cada um gosta. Um dia depois do outro. Deixemos os planos estocados para um feriado em família. Enquanto isso, toca a música que você diz lembrar da gente. Combina comigo uma aventura de última de hora, um passeio pra admirarmos o nada ou qualquer coisa. Joga intensidade nos meus braços que seguro e ainda multiplico.
Sejamos francos, o pecado é inventado. Está liberado nos perdermos numa noite em casa. É seguro afirmar, esse nó não machuca. Não é o nosso primeiro caso de amor e também não será o último. Deixe a especulação emocional para o dia em que você não tiver mais interesse. Descomplique a alma e vista o seu amar mais bonito.
Procura-se um amor sacana, um que não fique saciado com facilidade. Mas se ficar, tudo bem. É válido mesmo vindo sem prazo. O consumo é no agora, nada de guardar para depois. O amor gostoso é feito na hora e sem embalagem para viagem.
Imagem de capa: Matrimônio à Italiana (1964) – Dir. Vittorio de Sica