Não se deviam fazer promessas. Deviam ser proibidas, interditas a todos. Ninguém cumpre promessas, ninguém. Podem cumprir uma, mas, a primeira que falhem não lhes deveria ser permitida mais nenhuma.
As promessas mais doces se grudam na memória, como se de cola se tratassem que, quando seca, puxa-se aos poucos, mas, fica sempre qualquer coisa. Depois vai saindo, mas, a mão fica com aquele aspecto áspero e feio tais como são as promessas por cumprir.
Depois da promessa por cumprir deve-se esperar o castigo, a simples pena de ter de cumpri-lo. Oh, que embaraço, que pesadelo!
Mas, por que e que prometemos então? Por que quando prometemos somos virgens das consequências imprevisíveis dessa promessa. Há um espaço entre o momento em que se promete e o momento de cumprir, que compreende um mundo vasto de incertezas que determinam esse cumprimento.
E por ser tão vasto, tão imprevisível, com que direito prometemos? Com que direito damos chão e o retiramos? Sem chão, desarrumados por dentro, não cobramos o que ficou por fazer ou dizer, porque retiramos da pessoa, a credibilidade, o sentido.
Mas, como apaziguamos a alma? A mão começa a retomar o seu aspecto normal e delicado, todavia, não somos mais os mesmos. A memória dos Homens, tendencialmente fraca, compromete-se com novas promessas, assina por baixo, apesar da dúvida, e todos escapam impunes.