A Majestade: O Divã
O Divã em psicoterapia, na maioria das vezes, representa um objeto de muito medo ao paciente que está iniciando o processo de psicanálise e, outras vezes, é fonte de curiosidade. Para que serve o divã em psicanálise?
Esse artigo despretensioso tem como objetivo: explicar aos curiosos, desmitificar e ao mesmo tempo enaltecer esse instrumento de trabalho tão precioso para alguns psicanalistas como é o estetoscópio é para o médico.
A Invenção: O divã foi introduzido por Freud no tratamento psicanalítico depois que abandonou o uso da hipnose, pois observou que muitos de seus pacientes não se deixavam hipnotizar e a “cura” dos sintomas da histeria era temporário.
E desde então, Freud passou a utilizar a Associação Livre. Esse método consiste que o paciente deite-se no divã e relate ao analista tudo e qualquer coisa que lhe passe a mente. Pode ser conteúdos atuais e corriqueiros, pensamentos, emoções e lembranças.
O Objetivo: O divã tem uma dupla função, uma se refere ao analisando, pois ao se deitar, coloca-se numa posição de recolhimento, sem olhar para a figura do psicanalista, possibilitando assim, um contato maior consigo mesmo, facilitando as lembranças, sentimentos e emoções.
Dessa forma, consegue recordar suas vivências e queixas sem o olhar do analista, e consegue estar seguro para fazer suas livres associações, esse é o material trabalhado em psicanálise.
O segundo objetivo, está ligado ao analista que é mantê-lo protegido dos olhares curiosos de seus pacientes. O analista deve ser neutro e aberto a escutar qualquer conteúdo, portanto, se o profissional tiver a preocupação de vigiar suas expressões faciais e a postura o todo o tempo do atendimento, impede de concentrar-se totalmente nas palavras que cada paciente traz e o que essas palavras provocam no analista.
Modo de usar: A poltrona do analista deve estar sempre atrás do divã, ou seja, os olhares do paciente e do analista não se encontram. Esse posicionamento, permite que o analisando tenha uma experiência incomum, pois não enxerga seu interlocutor e concentra-se profundamente em seus processos mentais. E permite que o analista sinta-se livre para absorver o conteúdo de cada paciente que está em atendimento.
O paciente só vai para o divã depois das entrevistas iniciais, pois é depois dessa avaliação que se define a demanda do paciente e como será conduzido o processo analítico. Sendo assim, o uso do divã marca o inicio do processo psicanalítico.
Importante lembrar que o divã é um instrumento de trabalho do psicanalista, mas não a condição única de trabalho em psicanálise.