Quando a gente constrói em silêncio, as pessoas não sabem o que atacar

A sabedoria popular contém pérolas impagáveis e muitas verdades que atravessam gerações. Uma dessas máximas é aquela que nos aconselha a guardar nossos planos, nossos sonhos, nossas empreitadas, porque é difícil encontrar quem torça verdadeiramente pelo sucesso alheio.

E, hoje, em tempos de busca pela fama a qualquer preço, em meio a ostentações materialistas e curtidas virtuais, a vigília sobre a vida do outro está mais acirrada. Nunca se comparou tanto a própria vida com a do vizinho, nunca houve tanta gente tentando destruir a imagem de quem se destaca de alguma forma, principalmente nos meios midiáticos.

São muitos os casos de famosos que são expostos em algum fato de sua vida pessoal, por exemplo, e acabam condenados e julgados pela massa de internautas, os quais, muitas vezes, acusam de antemão, sem esperar pelo desenrolar dos acontecimentos, sem sequer dar o direito de resposta à pessoa exposta. Vidas podem ser destruídas sem dó nem piedade. A inveja faz isso com as pessoas: retira quaisquer traços de compaixão de seus corações.

Logicamente, quando escolhemos nos tornar uma figura pública, teremos que saber o quanto de dissabores estaremos propensos a enfrentar. O que falamos, fazemos, o que postamos, enfim, estará à mercê de milhares de pessoas, ou seja, muitos pontos de vista serão confrontados por nossas opiniões, e isso nunca é tranquilo. Além disso, tem muita gente destemperada e desequilibrada por aí e a fúria delas inevitavelmente acabará recaindo sobre nossos comentários.

A gente precisa se preservar, muitas vezes agindo em silêncio, planejando com a gente mesmo, porque, na verdade, as pessoas são desconhecidas, uma vez que a grande maioria delas só nos mostra a parte que lhes convém e de forma teatral, em muitos casos. A inveja, embora faça parte da natureza humana, pode se tornar perigosa, pois carrega energia ruim e negatividade por onde passa. Somos energia e existe muita gente nociva nos rodeando.

Não é fácil guardar as coisas boas que nos acontecem, pois dá uma vontade danada de gritar nossa felicidade por aí. No entanto, nem todo mundo tem a capacidade de vibrar com o outro, de ficar feliz sem que seja por si mesmo. Isso faz com que nossos caminhos estejam repletos de espectadores que são como abutres atrás de carniça, prontos para tentar atrapalhar e derrubar qualquer coisa, mesmo quando não são chamados.

Vale, portanto, aquela velha sabedoria popular: quando a gente constrói em silêncio, as pessoas não sabem o que atacar. Desse jeitinho.

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Imagem de capa meramente ilustrativa: cena da série “Dilema”







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.