Marcel Camargo

Quando a gente constrói em silêncio, as pessoas não sabem o que atacar

A sabedoria popular contém pérolas impagáveis e muitas verdades que atravessam gerações. Uma dessas máximas é aquela que nos aconselha a guardar nossos planos, nossos sonhos, nossas empreitadas, porque é difícil encontrar quem torça verdadeiramente pelo sucesso alheio.

E, hoje, em tempos de busca pela fama a qualquer preço, em meio a ostentações materialistas e curtidas virtuais, a vigília sobre a vida do outro está mais acirrada. Nunca se comparou tanto a própria vida com a do vizinho, nunca houve tanta gente tentando destruir a imagem de quem se destaca de alguma forma, principalmente nos meios midiáticos.

São muitos os casos de famosos que são expostos em algum fato de sua vida pessoal, por exemplo, e acabam condenados e julgados pela massa de internautas, os quais, muitas vezes, acusam de antemão, sem esperar pelo desenrolar dos acontecimentos, sem sequer dar o direito de resposta à pessoa exposta. Vidas podem ser destruídas sem dó nem piedade. A inveja faz isso com as pessoas: retira quaisquer traços de compaixão de seus corações.

Logicamente, quando escolhemos nos tornar uma figura pública, teremos que saber o quanto de dissabores estaremos propensos a enfrentar. O que falamos, fazemos, o que postamos, enfim, estará à mercê de milhares de pessoas, ou seja, muitos pontos de vista serão confrontados por nossas opiniões, e isso nunca é tranquilo. Além disso, tem muita gente destemperada e desequilibrada por aí e a fúria delas inevitavelmente acabará recaindo sobre nossos comentários.

A gente precisa se preservar, muitas vezes agindo em silêncio, planejando com a gente mesmo, porque, na verdade, as pessoas são desconhecidas, uma vez que a grande maioria delas só nos mostra a parte que lhes convém e de forma teatral, em muitos casos. A inveja, embora faça parte da natureza humana, pode se tornar perigosa, pois carrega energia ruim e negatividade por onde passa. Somos energia e existe muita gente nociva nos rodeando.

Não é fácil guardar as coisas boas que nos acontecem, pois dá uma vontade danada de gritar nossa felicidade por aí. No entanto, nem todo mundo tem a capacidade de vibrar com o outro, de ficar feliz sem que seja por si mesmo. Isso faz com que nossos caminhos estejam repletos de espectadores que são como abutres atrás de carniça, prontos para tentar atrapalhar e derrubar qualquer coisa, mesmo quando não são chamados.

Vale, portanto, aquela velha sabedoria popular: quando a gente constrói em silêncio, as pessoas não sabem o que atacar. Desse jeitinho.

***

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena da série “Dilema”

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Pescadores se chocam ao descobrir restos mortais de criatura bizarra em pântano

Os pescadores dizem nunca terem visto nada parecido antes e descrevem o ser como "assustador"…

10 minutos ago

Itens de luxo e viagens caríssimas: o que Fernanda Torres pode ganhar caso seja indicada ao Oscar

A atriz, que foi presenteada com mimos avaliados em até 1 milhão de dólares ao…

3 horas ago

Quem procurar quando você está desesperado e não sabe em quem confiar?

Quando enfrentamos momentos de desespero e não sabemos em quem confiar, a busca por ajuda…

17 horas ago

A importância da hidratação na rotina dos gatos

Você sabia que uma boa hidratação é fundamental para a saúde do seu gato? No…

1 dia ago

Os Benefícios de Ter Passatempos para Lidar Melhor com as Doenças

A vida moderna, marcada por suas exigências e responsabilidades, frequentemente nos leva a um estado…

1 dia ago

Padre Fábio de Melo revela volta da depressão e pede orações: ‘Vontade de deixar de viver’

O Padre Fábio de Melo comoveu e preocupou os fiéis no último domingo (19) ao…

1 dia ago