Na década de 90, em Nova Iorque, a criminalidade crescia assustadoramente e o vandalismo era exibido nas ruas, onde prédios públicos e particulares eram pichados, trazendo ares pesados à cidade. A situação chegou a níveis assustadores e foi uma das políticas públicas adotadas pelo então prefeito, Rudolph Giuliani, que fez mudar esse cenário medonho. Ele decidiu que nenhum prédio permaneceria mais depredado pelos vândalos. Passou, então, a ter como prioridade máxima a recuperação de todo e qualquer prédio, vagão de metro ou monumento que fosse objeto do vandalismo. Essa atitude teria sido um dos pilares pelos quais ele ficou conhecido pela real redução da criminalidade da cidade: manter os ambientes limpos e organizados.


Narro esses fatos para dizer que a história da menina do vestido azul, embora seja um conto aparentemente infantil, encontra eco, para a alegria nossa, no mundo real em que vivemos. O mundo não ignora o nosso esforço a favor da beleza e da justiça. Vejamos a história.

A menina do vestido azul

“Num bairro muito pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.

Ela frequentava a escola local. Sua mãe não tinha muito cuidado e a criança quase sempre se apresentava suja. Suas roupas eram velhas e maltratadas. Até um dia em que um professor penalizou-se com a menininha. Como uma garota tão bonita pode vir para a escola tão mal arrumada? Separou algum dinheiro de seu salário e, embora com dificuldade, lhe comprou um vestido novo. A garotinha ficou ainda mais bonita no seu vestidinho azul.

Quando a mãe viu a menina naquele vestido azul, sentiu que era lamentável que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse tão sujinha para a escola. Por isso passou a lhe dar banho todos os dias, pentear seus cabelos, cortar e limpar suas unhas.

Depois de uma semana, o pai falou: “Mulher, você não acha uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e bem arrumada, more em um lugar como este, caindo aos pedaços? Que tal ajeitar a casa? Nas horas vagas vou pintar as paredes, consertar a cerca e plantar um jardim”.

Em pouco tempo a casa da garotinha destacava-se na pequena vila pela beleza das flores que enchiam o jardim, pela limpeza, pelo capricho de seus moradores com seus pequenos detalhes. Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e resolveram também arrumar suas casas, plantar flores, usar pintura, água e sabão, além de criatividade.

Logo, o bairro estava todo transformado. Um homem que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente achou que eles bem que mereciam um auxílio das autoridades. Foi ao prefeito e expôs suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários no bairro.

A rua de lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania. Tudo começou com um vestidinho azul.

Não era a intenção daquele professor consertar a rua, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia apenas a parte que lhe cabia.

Qual será a parte de cada um de nós? Será que basta apontar os buracos da rua, reclamar dos erros do vizinho e cuidar apenas do portão para dentro?

É difícil mudar o estado total das coisas. É difícil varrer toda a rua, mas é fácil varrer nossa calçada. É difícil modificar o bairro, mas podemos começar pela nossa casa, deixando-a mais bonita. É difícil reconstruir o planeta, mas é possível dar um vestido azul.”

CONTI outra

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