Temos, muitas vezes, medo de desistir das coisas e das pessoas, porque pensamos que talvez não consigamos sobreviver longe daquilo tudo. Preferimos, assim, perpetuar a dor a cortá-la de uma vez por todas, por medo de sofrer. No entanto, dessa forma mantemos um sofrimento diário junto de nós. Se vamos sofrer de qualquer jeito, que seja pela partida da dor.
Não raro, nos relacionamentos amorosos, por exemplo, os casais rompem e voltam, repetidamente, não exatamente por sentirem falta do amor do outro, mas simplesmente por temerem não se acostumarem com a nova vida longe do parceiro. O que une duas pessoas deve ser sempre o amor, nunca uma hesitação, mas sim uma certeza. Permanecer ao lado de alguém por comodismo é muito pior do que estar sozinho, pois dessa maneira se opta por uma solidão acompanhada.
Isso se dá também em relação às amizades. Existem pessoas que se afastam e se reaproximam de um amigo, inúmeras vezes. Forma-se, assim, um ciclo vicioso: confia-se, decepciona-se, afasta-se, reaproxima-se e começa tudo de novo. Trata-se, nesses casos, de autoestimas fragilizadas, que precisam se sentir amadas a todo custo, enquanto ocorre a banalização do amor próprio e do perdão, já que, dessa forma, deve-se desculpar o outro sem parar.
Na verdade, quando temos muitas dúvidas em relação a algo, possivelmente quer dizer que aquilo não está trazendo alegria para nossas vidas, afinal, o que é verdadeiro sempre carrega certezas, carrega inteireza e completude. Se não tivermos certeza, é preciso tomar distância, para que possamos analisar a real significância daquilo em nossa jornada. E isso requer tempo, coragem e determinação.
Fato é que o que permanece com verdade em nossas vidas não traz dúvida alguma; se houver hesitação, é necessário parar e tomar uma atitude segura quanto ao que incomoda, o que, muitas vezes, implica desistir de uma vez por todas. Daí a importância de se entregar por inteiro ao que temos, para que não temamos desistir por completo quando precisarmos.
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