Quando é que os homens vão entender que amar não dói?

Outro dia uma amiga me contou em lágrimas que não suportava mais o casamento, o marido só a procurava para ter relações e depois voltava a viver a vida dele, como se nada mais houvesse entre eles, e ela ficava arrasada sem saber o que fazer. Já tentou conversar, ele não tem nada a dizer, já pediu pra mudar, já brigou, ameaçou separar, mas nada muda, tudo continua do mesmo jeito, na mesma indiferença, ela sofrendo, ele indiferente.

Não sei quando os homens vão entender que amar não dói tanto assim, que gostar e demonstrar o que se sente dentro de uma relação faz parte de uma vida a dois, que se entregar e permitir se amado, deixar que alguém faça parte da sua vida não é ser menos homem, ser menor, não irá arrancar pedaços, ninguém perde nada com isso, não vai matar ninguém, que alguém não irá morrer por dizer que ama, gosta, por elogiar quem está ao nosso lado.

Para muitos homens ser grosso e bruto com a mulher, mostrar aos outros homens que manda em casa, na companheira, que sabe se cabra mesmo, que se irrita com a mulher, faz piada de mal gosto, a destrata na frente dos outros, que ainda é macho o bastante e consegue outras mulheres além, é prova de que são homens de verdade, isso é muito brega, cafona e ridículo, infantil e imaturo.

Existe certo entrave, ainda uma barreira imensa, não em todos os homens, mas ainda em muitos, em demonstrar o seu lado afetivo, carinhoso, meigo e romântico, e isso não irá fazer com que se perca a masculinidade, penso até que os relacionamentos seriam melhores se houvesse mais diálogo na relação, mais compreensão, se houvesse mais cuidado por parte dos homens, mais atenção para com as suas parceiras.

A grande maioria deles querem ignorar as necessidades básicas das mulheres e seus desejos de amor, afeto e companhia, acham que sexo e dinheiro resolvem tudo, que isso basta para manter a relação, e sim, muitas se mantém por essas questões, vivem infernos dentro dos lares, mas não querem partir para outra, vivem uma vida sem amor, mas tem medo de mudar, pois separar dói e o novo é algo assaz inseguro para se tentar.

A vida não está fácil para ninguém, já temos problemas demais, e talvez, acho, penso, que seja desnecessário viver uma relação conflituosa, cheia de indiferenças, com mágoas, rancores, com discussões inúteis, sem amor, não dá pra viver assim, com essa briga de ego e orgulho dentro de uma mesma casa, quando a gente sabe que sorrir é de graça e é bom, custa pouco, mas rende muito, pra que alimentar lágrimas e dissabores?

Não sou maduro, já errei muito, mas já aprendi que uma relação sem afinidade não comporta permanência, já sei que viver as turras não me lavará a nada, penso que é preciso viver algo sereno, seguro, confortável e alegre, mesmo com pouco dinheiro, mesmo sem nada, mesmo como muitas dificuldades, mas sem grandes problemas, foi isso que aprendi.







Ronaldo Magella é da Paraíba, Santa Luzia, professor, jornalista, radialista, cronista, poeta, já publicou três livros de crônicas e tem participação em outras cinco antologias literárias. Formado em Jornalismo e Letras pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, PB. Solitário e tomador de café, gosta da vida pelo improviso, se cansa da monotonia, e brinca com o tédio escrevendo.