Pela lógica do poema de Fernando Pessoa, eu tenho a alma muito, muito pequena. Uma alma anã, uma miniatura de todas as outras. É que eu acho que não, nem tudo vale a pena nesta vida. Não mesmo. Tem coisa e tem gente que não valem um segundo sequer do nosso tempo. Deus nos livre e guarde!
Vão me perdoar os que pensam diferente, mas eu também acho que não vale a pena investir em discussão inútil. Melhor é concordar que discordamos e pronto. Sigamos em frente, cada um com a sua visão das coisas, cada um em seu caminho diverso. Para mim, nem todo mundo vale a pena. Pronto! Assim como nem tudo o que dizem ou fazem as pessoas que valem a pena deve ser considerado.
É claro que figuras importantes no meu caminho vão me magoar. Óbvio que gente querida vai me decepcionar. Inevitável que bons amigos me deixem na mão uma hora ou outra. Acontece e não vale a pena perder tempo se perguntando por quê. O ser humano pisa mesmo na bola e pronto. Cabe a nós perguntarmos quem são as pessoas que valem a pena – aquelas que a gente compreende, aceita, perdoa – e quem são aquelas de quem devemos manter distância.
Cá entre nós, nem todo mundo vale a pena. É um ou outro. Nós mesmos, que tão bem nos conhecemos na prática, haveremos de reconhecer que não valemos a pena para um batalhão de gente por aí. Do mesmo modo, um batalhão de gente também não vale a pena para nós. Aceitemos sem mais, sem briga nem culpa, e vamos adiante!
Quando se trata de gente, querido Pessoa, nem tudo vale a pena, não. E reconhecê-lo com cuidado e humildade não tem nada de pequeno. Exige uma bruta de uma coragem. O senhor mesmo, de alma tão imensa, desistiu meia dúzia de vezes de sua amada Ofélia e ninguém o acusou de nada por isso. Acontece.
Aceitar que nem tudo vale o sacrifício é meio caminho andado para aprender a escolher e a fazer de tudo por aquilo que realmente tem valor. Dá o maior trabalho! E trabalho bem feito é coisa de gente com a alma enorme. Essa gente que sempre, sempre vai valer a pena.
Imagem de capa: Dean Drobot/shutterstock