Quando me tratam mal, eu me trato bem e vou embora

Vai saber por que tem tanta gente com a cara fechada, cuspindo fogo e se negando a sorrir, seja para quem for. Se prestarmos atenção, existem até mesmo vendedores carrancudos; nem parece que precisam de clientes para sobreviver. Está certo que a vida anda amarga, mas cultivar azedume só torna tudo ainda pior.

Tem gente que xinga no trânsito, na fila de banco, no mercado, na mesa de bar. Fica de mau-humor quando acorda cedo, quando dorme demais, quando chega muito antes ou quando perde a hora. Não gosta de muita gente, nem de ficar sozinho. Fica bravo se o amigo some, mas irrita-se quando o chamam para sair. Enfim, tem gente que acorda amarga e vai dormir azeda.

Logicamente, todo mundo tem o direito a acordar com o humor atravessado, a não se sentir bem e a ficar de mal com o mundo, de vez em quando. A vida vem com muita força e às vezes somente a braveza será o que nos restará. Mesmo assim, há um limite para o quanto nos demoramos no amargor de nossa vida, o qual, caso se extrapole, acabará por nos afastar de tudo e de todos que poderiam nos ajudar a sorrir de novo.

Infelizmente, ninguém está a salvo de encontrar um mal humorado pela frente, que chegará soltando farpas, fechará a cara, pronto para ser rude com a gente, sem motivo algum inclusive. De mal com o mundo, essas pessoas tentarão espalhar infelicidade por onde passarem, pois nem mesmo se aguentam. Caberá a nós, portanto, não nos deixarmos ser atingidos pelos raios das tempestades alheias.

Não é fácil conviver com quem só sabe ser ríspido com todo mundo, sendo que ninguém merece ser alvo de agressões que não têm nada a ver com sua vida. O melhor a fazer, caso tenhamos que conviver em ambientes de trabalho, por exemplo, com gente assim, é ignorar, fazer-se de surdo; caso contrário, ficamos doentes. Se alguém nos tratar mal e a convivência não for obrigatória, tenhamos nós a iniciativa de nos tratar da melhor maneira possível: indo embora, caindo fora. Fugas estratégicas nos salvam. Sempre.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.