Marcel Camargo

Quem feriu pode até esquecer, mas quem foi ferido raramente esquece

Sim, erramos muito com as pessoas, muitas vezes sem querer, sem ter a intenção de magoá-las, principalmente quando estamos nervosos e explodimos onde e com quem não deveríamos. Muitas vezes, nem percebemos o quanto fomos injustos, pois não paramos para refletir sobre o ocorrido, porém, quem sofreu, quem foi alvo de nossas atitudes desagradáveis, mesmo que não o queira, guardará aquela triste lembrança em seu coração.

O tempo acalma as tempestades e reaproxima as pessoas que se gostam ou se amam de verdade, trazendo novas oportunidades para que possam se redimir, pedir perdão e se desculpar com aqueles a quem machucam de alguma forma. Sempre teremos como mostrar às pessoas nosso arrependimento, para que acalmemos também o nosso coração, pois muitos de nós não conseguimos seguir tranquilos sem reparar os erros cometidos.

Embora exista quem não refletirá sobre a forma como vem tratando as pessoas ao seu redor, quem não se preocupa com ninguém além de si mesmo, precisaremos voltar aos lugares onde agimos de forma inadequada, para nos desculparmos com as pessoas que deixamos feridas e para melhorarmos nossa maneira de ser, a fim de que não voltemos a repetir os mesmos erros. Nunca perderemos quando pedirmos sinceras desculpas, pois, mesmo que o outro já não consiga nos aceitar de volta, aliviaremos a carga negativa que nós mesmos provocamos.

É preciso pedir desculpas, com arrependimento sincero, pois somos também aquilo que fazemos com as pessoas, aquilo que dizemos, que doamos ou não. Quem é traído, agredido, ironizado, desprezado, quem sofreu, enfim, é que se machuca dolorosamente, muitas vezes sem ao menos merecer. Isso deixa marcas, isso não some de repente de dentro de nós. Daí a importância de pedirmos perdão, para que todo o mal que criamos se apague de nossas vidas e para que possamos acalmar os corações daqueles que caminham conosco, nessa jornada coletiva que é o viver.

Imagem: Nataliia Budianska/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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