Sophie Charlotte de Mecklemburgo-Strelitz, também conhecida como Sofia Carlota em português, faleceu há mais de 200 anos, mas sua história é revivida na série “Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton”, um spin-off do sucesso romântico criado por Shonda Rhimes, que estreou nesta quinta-feira, 4 de maio. A nova trama é ambientada cinquenta anos antes da série da Netflix e acompanha a juventude da monarca, que se tornou rainha da Inglaterra aos 17 anos, após se casar com o Rei George III, conhecido na história como o “rei louco”. A figura real por trás da protagonista é repleta de fatos curiosos que a tornam uma personagem fascinante.
Um dos debates que cercam a figura histórica de Charlotte é sua etnia. Interpretada pelas atrizes India Amarteifio e Golda Rosheuvel na série Bridgerton, Charlotte é a primeira rainha inglesa descendente de africanos. Há indícios de que ela poderia ser descendente de Madragana Ben Aloandro, descrita como “moura” pelo cronista Duarte Nunes de Leão, que seria sua possível antepassada. De acordo com o historiador Mario de Valdes y Cocom, pesquisador da diáspora africana, a rainha descendia diretamente de “um ramo negro da Casa Real Portuguesa”. Outra possível evidência de suas raízes está nos retratos pincelados por Allan Ramsay, que capturou traços caracteristicamente africanos em seu rosto. Embora a certeza não possa ser atestada pela História, Shonda Rhimes usa a flexibilidade da fantasia e do anacronismo para imaginar uma mulher negra no comando da monarquia britânica sem ressalvas.
Além de sua etnia, a vida pessoal de Charlotte também é digna de nota. Durante os 57 anos de seu casamento, ela deu à luz 15 filhos, sendo que dois faleceram ainda na primeira infância. Entre os 13 que chegaram à vida adulta, destacam-se o Rei George IV, o Duque Edward de Kent e Strathearn, e a princesa Charlotte, que se tornou Rainha de Württemberg, um território ao sul da Alemanha. A descendente mais famosa de Charlotte é a Rainha Victoria, que ocupou o cargo de monarca do Reino Unido por mais de 63 anos, de 1819 a 1901, o segundo período mais longo na história da nação. Vem dela o nome “Era Vitoriana”, um período marcado pelo neocolonialismo e pela ascensão da burguesia industrial. Victoria foi a tataravó da Rainha Elizabeth II, mãe do atual rei do Reino Unido, Charles.
Charlotte também foi uma patrona das artes e teve um encontro surpreendente com Wolfgang Amadeus Mozart, um dos maiores compositores da história. Na vida real, o prodígio conheceu Charlotte aos oito anos de idade, quando passou quinze meses com sua família em Londres. Ele foi convidado a se apresentar ao casal real em 27 de abril de 1764 e compôs seis sonatas em homenagem à rainha. Em 1765, ele publicou uma carta em que diz: “Seu trono, suas virtudes, seus talentos e sua beneficência viverão para sempre em minha memória; onde quer que eu viva, me considerarei súdito de sua Majestade”.
Apesar de ter sido admirada por Mozart, a Rainha Charlotte não era muito querida pelo povo britânico durante seu reinado. A monarca enfrentou diversas críticas da aristocracia por sua aparência e traços faciais que não se encaixavam nos padrões europeus da época. O romance de Charles Dickens, “Uma História em Duas Cidades”, começa com a descrição de um rei com uma mandíbula larga e uma rainha com “cara de nada”, possivelmente fazendo referência à Rainha Charlotte. Alguns registros históricos também sugerem que seu próprio médico a teria descrito como “pequena e torta”.
Apesar de sua falta de popularidade entre seus conterrâneos, a Rainha Charlotte é retratada de forma mais carinhosa na ficção. Além de ter sido retratada de maneira imponente nas séries da saga Bridgerton, a Raínha também foi interpretada pela aclamada atriz Helen Mirren no filme “As Loucuras do Rei George”.
Veja abaixo o trailer de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton.
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Redação Conti Outra, com informações da Veja.
Imagens: Reprodução.
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