Pamela Camocardi

Quem não é feliz sozinho, nunca será feliz a dois

Sinceramente, não sei o que te ensinaram sobre “momento a sós”, “amor próprio” e “liberdade”, mas acredite, nenhuma das definições tem seu significado aliado à solidão.

É, no mínimo, curioso analisar a forma como as pessoas se comportam diante da própria companhia. Enquanto alguns a valorizam, utilizando o tempo em prol do autoconhecimento, outros correm dela na velocidade da luz.

A maior parte das pessoas, para não dizer todas, tem uma experiência ruim de relacionamentos anteriores para contar. São histórias de traições, de abusos sentimentais, de amores não correspondidos que, além de deixarem algum tipo de bloqueio na forma de se relacionar, faz com que a solidão seja vista como um monstro destruidor de sonhos.

Chega a ser engraçado, mas as pessoas se envolvem com pessoas tóxicas, geram expectativas gigantescas e, quando frustradas, comparam todos no mesmo nível de imperfeição, como se ninguém valesse mais a pena. Entenda: melhor ser surpreendido por coisas boas, do que não correspondido com expectativas geradas.

Embora as pessoas não carreguem letreiros dizendo se são, ou não, boas companhias, há sinais que deveriam ser levados a sério: Se ela nunca respeitou limites, provavelmente, não respeitará os seus. Se ele não foi fiel a nenhuma namorada, você não será a primeira.Se ambos comportam-se como propriedades particulares um do outro, a probabilidade de conviverem em sociedade, sem ciúmes, é nula. Resumindo: apaixonar-se esperando que o outro mude, é o mesmo que querer um abdômen sarado e não gostar de treinar.

Acredito que grande parte das frustrações amorosas comece na desvalorização da própria companhia. Quando há a associação do “momento próprio” com a solidão, instaura-se um conflito interior, levando as pessoas a se sentirem inseguras e carentes. Quer a verdade nua e crua? Não é da solidão que você deveria ter medo, é de não gostar da própria companhia.
A partir do momento em que a própria companhia começa a te incomodar é sinal de que seus valores sobre amor e respeito estão distorcidos e, provavelmente, irá aceitar qualquer relacionamento que a vida te oferecer.
Gostar da própria companhia é saber que você vale muito e que “qualquer coisa” é muito pouco para você. É entender que pessoas leves, promovem relacionamentos sadios e que, pessoas neuróticas, relacionamentos abusivos.

Gostar da própria companhia é estar pronto para um relacionamento de verdade, com pessoas inteiras e dispostas. E, sobre as “metades que se completam”: esqueça. Primeiro, que todos somos inteiros e, segundo, que há coisas muito mais interessantes para se dividir do que o amor próprio.

Imagem de capa: Balaguta Evgeniya/shutterstock

Pamela Camocardi

A literatura vista por vários ângulos e apresentada de forma bem diferente.

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