Não precisa muito, não. Um abraço apertado, mãos dadas com tesão e estar presente para confirmar o que está sendo sentido. Pequenas atitudes que podem parecer tolices, mas que na verdade valem mais do que um eu te amo declarado a todo instante.
Pensa comigo, qual é o sentido de negar as aparências e disfarçar as evidências? O interesse arrebatador que você acha ganhar escondendo o jogo, cedendo desejos aos poucos, francamente, maior infantilidade não há. Finais infelizes no passado te deram um certo crédito para frear alguns sentimentos, mas isso não quer dizer que tenha uma imunidade emocional, onde você dita como e quais sinceridades deve proporcionar. Além de ser injusto com quem vem se aproximando, ainda é trapaça com quem já estava lá, antes de você, querendo somar em vez de subtrair.
O melhor jeito de saborear um relacionamento é sendo entregue. Porque amantes não constroem obstáculos. Eles criam, desde o início, pontes de honestidade, tranquilidade e respeito mútuo. Bateu aquela saudade? Coragem. Ousadia para deslocar o tempo, mover moinhos e ventos ao encontro. Tendo a aprovação prévia de quem se quer estar, dane-se o mundo.
Mas e o risco? O risco é onipresente. Quebrar a cara acontece até para os desacreditados. Relacionamentos são assim mesmo. Nenhum contrato amoroso deveria contemplar obrigações. Pelo contrário, as cláusulas atribuídas viriam com artigos sobre disposições, tornando assim, tudo legítimo e palpável.
Agora, você pode tentar a sorte e ver o que te espera. Não cabem muitos julgamentos para essa gente que insiste no desprazer de ter prazer. Talvez sejam machucadas demais, cansadas demais. De qualquer forma, algo precisa mudar. Não precisa muito, não.
Quem quer, demonstra. Quem não quer, passa a vez. Existem mais amores entre o doce feito e as metades do que supomos.
Imagem de capa: Saudações de Tim Buckley (2012) – Dir. Daniel Algrant